Opinião

A Ovarense voltou! – Ricardo Alves Lopes

 

O maravilhoso das cidades pequenas é a harmonia das suas gentes, o compadrio da vizinhança, que dificilmente se encontra em cidades maiores.

Obviamente, o que de bom tem, também de mau pode existir. Vivem as velhas máximas, associadas às terras pequenas, de que nada podemos fazer sem que o vizinho saiba. Não há nada na vida só bom, como não há nada só mau. Em tudo há coisas a aproveitar e coisas com as quais aprender.

Hoje falo de um caso positivo, de bairrismo, de paixão, de devoção, de amor. Falo da nossa Ovarense, na sua secção de futebol. Estivemos condenados, após uns anos atribulados que colocaram o nosso clube de frente para uma única solução: recomeçar. Algumas pessoas da terra, ligadas ao futebol desde sempre, ao nosso clube, entregaram-se a essa causa, por mera carolice e amor, como se estivessem as suas vidas em jogo. Dirigentes, apoiantes, colaboradores, mas também jogadores. Com base numa formação adormecida, com antigos atletas, com jogadores das redondezas afeiçoados a Ovar e às nossas gentes, fez-se um clube.
Aliás, refez-se um clube, recriou-se uma admiração e afeição, que as desventuras de outros anos haviam adormecido. A Ovarense voltou.

Durante a época passada, o renascer em força da claque, a entrega dos jogadores em campo, dos adeptos vibrantes da central, fez acreditar que o caminho poderia estar a ser trilhado para a frente, para cima, como se deseja, mas, fatidicamente, a época não culminou da forma que todos esperavam. Lidar com a derrota, num sentimento de injustiça, de esforço inglório, não é fácil. Mas a verdade é que é nesses momentos que se descobrem os verdadeiros campeões, que se afastam os comuns jogadores dos batalhadores, os medianos dirigentes dos verdadeiramente apaixonados, os adeptos de coração dos de ocasião. E essa distinção foi feita a favor da nossa Ovarense, conforme comprovam os resultados deste ano.

Numa época imaculada, em que nenhum desaire poderia tirar mérito à valência demonstrada em campo, à consistência associada às vitórias, a Ovarense, no domingo passado, ergueu o cedro da subida à primeira divisão distrital. Não houve nenhum troféu entregue em mãos, não houve nenhum púlpito para recepção de medalhas, só existiu um relvado pequeno para ver atletas, filhos e conhecidos da terra, atirando-se aos adeptos, com a certeza que sem eles nada disto seria igual, ou até possível.

Não ergueram troféus, ergueram bandeiras do clube e faixas da terra. E esse foi o grande troféu. Assim, culmino este meu texto dando os parabéns a toda a Ovarense, de dirigentes a técnicos, de colaboradores a apoiantes, de atletas à claque. Não acompanhei sempre, mas estive lá em alguns momentos e posso garantir: foi merecido!

Parabéns, Ovarense!

Ricardo Alves Lopes (Ral)
http://tempestadideias.wordpress.com
[email protected]

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