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Cruzeiros de São Vicente Pereira marcam presença em Serralves

A “Festa do Outono” do Parque de Serralves é uma referência da região Norte e a marca “Aldeias de Portugal” é parceira do evento no próximo sábado e domingo. Do programa de atividades específico para divulgar esse território classificado consta, por exemplo, uma prova de broa, uma mostra de tecelagem e uma oficina de escultura em sal, mas transversal a dois dias de iniciativas gratuitas é a oferta de postais sobre alguns dos povoados mais genuínos do país. O visitante só tem que compor a mensagem e escrever a morada do destinatário; a marca oferece o selo e deixa o postal no correio.
São dois dias de atividades gratuitas distribuídas por museus, jardins e um parque de 18 hectares, bem no centro da cidade do Porto. A “Festa do Outono” organizada pela Fundação de Serralves decorre no próximo sábado e domingo, sempre entre as 10h00 e as 19h00, e este ano, pela primeira vez, conta com a presença da marca “Aldeias de Portugal”, que aí dará a conhecer alguns dos povoados classificados como os mais genuínos da ruralidade portuguesa. O programa para divulgação desses territórios é coordenado pela Associação do Turismo de Aldeia (ATA), cuja presidente, Teresa Pouzada, adianta: “Vamos dinamizar um espaço muito interessante, com fotografias das aldeias, painéis interativos com informação sobre o seu património e história, e demonstrações ao vivo de ofícios, gastronomia, tradições e artesanato”.
É no contexto dessa oferta que a marca “Aldeias de Portugal” vai disponibilizar aos milhares de visitantes esperados em Serralves, num fim-de-semana de entrada gratuita, uma série de postais sobre o património dessas povoações. Exibindo, de um lado, fotografias de alguns dos aspetos mais pitorescos das aldeias e, do outro, espaço em branco para a escrita de uma mensagem e da morada do destinatário, esse formato de correspondência raramente é utilizado na atualidade, dado o predomínio de telemóveis e outras tecnologias como meio de partilhar a descoberta de novos locais, mas invoca o que Teresa Pouzada define como “uma forma mais humana de comunicar”. Embora em registo analógico e sujeito a processos de entrega mais demorados, um postal tem “o encanto próprio de envolver um suporte físico palpável e permite conhecer algo tão revelador da personalidade do remetente quanto a sua caligrafia”.
De pão a barcos e rituais pagãos
Na zona mais rural do parque de Serralves, destinada precisamente a sensibilizar o público para a sustentabilidade ambiental e a cultura agrícola, o expositor das “Aldeias de Portugal” terá outras propostas sobre o património desses territórios. A chamada “Broa Mimosa” do Boco, por exemplo, será dada a conhecer como ex libris dessa localidade do município de Vagos logo no sábado de manhã, seguindo-se uma apresentação sobre os cruzeiros de São Vicente Pereira, antigos marcos dos itinerários pedestres dessa freguesia de Ovar.
À tarde, em paralelo a sessões de fotografia com Polaroid, o programa focar-se-á no trabalho do linho desenvolvido na aldeia da Várzea de Calde, em Viseu; na riqueza do património etnográfico associado ao paul de Arzila, em Coimbra; na história e envolvente paisagística de Vilarinho de São Roque, em Albergaria-a-Velha; no fabrico de barcos moliceiros e outros ofícios navais de Pardilhó, em Estarreja; na exploração de granito de Oliveira do Conde, no Carregal do Sal; e no tricô de quatro agulhas de Poiares, em Freixo-de-Espada-à-Cinta.
Para domingo, está já confirmada uma oficina de experimentação sobre a tecelagem de Almalaguês, principal tradição dessa aldeia do concelho de Coimbra; uma mostra da chamada “doçaria da feira” típica de Fataunços, em Vouzela; outra sobre peças de cortiça e a cultura de sobreiro nas povoações da Serra de São Brás, em São Brás de Alportel; e um ateliê sobre as esculturas salinas que deram fama a Marinhas do Sal, em Rio Maior.
A rematar a passagem pela “Festa do Outono”, estarão duas iniciativas relacionadas com uma tradição que a UNESCO reconheceu em 2019 como Património Cultural Imaterial da Humanidade: os caretos de Podence e as máscaras que eles usam no Entrudo Chocalheiro desse povoado de Macedo de Cavaleiros. Especialistas na matéria estarão no expositor das “Aldeias de Portugal” para ensinar a pintar as peças que, em cada Carnaval, garantem o anonimato de quem se veste de careto e, após essa oficina, a festa em Serralves encerrará com uma autêntica “chocalhada”, que é o ritual pagão com que essas figuras de traje colorido saltam e dançam pelas ruas de Podence para expurgar os males da comunidade, purificar a aldeia e apelar à fertilidade.

Sobre a ATA – Associação do Turismo de Aldeia:

Fundada em 1999, a ATA – Associação do Turismo de Aldeia é composta por várias instituições empenhadas em potenciar o desenvolvimento socioeconómico, a promoção turística e a preservação patrimonial dos territórios rurais mais representativos das origens da genuína identidade portuguesa. Atualmente, a instituição conta com 17 associados de todo o país: A2S – Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Saloia; a ADDLAP – Associação de Desenvolvimento Dão, Lafões e Alto Paiva; ADER-SOUSA – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa; ADICES – Associação de Desenvolvimento Local; ADRACES – Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul; ADRIL – Associação do Desenvolvimento Rural Integrado do Lima; ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do Montemuro, Arada e Gralheira; ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho; ADRITEM – Associação de Desenvolvimento Regional Integrado das Terras de Santa Maria; Associação do Douro Histórico; Associação In Loco; ATAHCA – Associação de Desenvolvimento Local; CoraNe – Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina; DESTEQUE -Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente; Dolmen – Desenvolvimento Local e Regional; DOURO SUPERIOR – Associação de Desenvolvimento do Douro Superior; e PROBASTO – Associação de Desenvolvimento Rural de Basto. A esse núcleo-duro juntam-se ainda, em projetos de cooperação específicos, a ADD – Associação de Desenvolvimento do Dão, a AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro e a APRODER- Associação para a Promoção do Desenvolvimento Rural do Ribatejo.

 

Sobre a marca “Aldeias de Portugal”:

 

Representando simultaneamente uma certificação e um conceito estratégico, a marca “Aldeias de Portugal” distingue os povoados mais característicos da ruralidade portuguesa, em vertentes como o património histórico e cultural, gastronomia e artesanato, práticas e costumes sociais, recursos naturais e agrícolas, ofícios e produtos regionais. A classificação só pode ser atribuída a aldeias cujas comunidades estejam envolvidas desde início no processo de candidatura, já que esse implica obrigatoriamente a constituição de um comité local integrando porta-vozes de entidades como a junta de freguesia, a população residente, o tecido económico e a estrutura associativa. Com base no projeto proposto por esse coletivo, a candidatura é então avaliada por uma comissão de especialistas que reúne desde historiadores e investigadores académicos até economistas e marketeers. Entre os critérios a avaliar inclui-se a tipicidade arquitetónica da aldeia e o estado de conservação do seu edificado, o enquadramento paisagístico da zona e a respetiva sustentabilidade ambiental, a densidade demográfica do povoado e número de residentes efetivos, a sua oferta de gastronomia e artesanato, e o seu leque de práticas agrícolas, produtos e serviços locais, ofícios tradicionais, festividades e atividades lúdicas. Se o grau de cumprimento desses e outros requisitos refletir uma proporção adequada de fatores de atração, o povoado passa a ser classificado e mantém a certificação por um período de quatro anos, após o que será sujeito a nova avaliação para o júri verificar se continua a corresponder à genuinidade e ao potencial turístico que a marca “Aldeias de Portugal” atesta.

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