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Alda Almeida: “O prestigio e a fama do Pão-de-Ló de Ovar são eternos”

O Pão-de-Ló de Ovar começou por ser o doce com que eram obsequiados os padres que vinham do Porto participar nas Procissão dos Passos em Ovar. Depois foi levado para diversas parte do país e daqui para o Mundo, onde hoje é um dos doces mais apreciados.

Alda Almeida é a presidente da Associação de Produtores do ]ão de Ló de Ovar (APPO), numa direcção constituída exclusivamente por mulheres. Em entrevista ao OvarNews fala-nos dos desafios da modernidade colocados aos produtores, projectos da sua direcção e dos benefícios da certificação.

A Associação de Produtores de Pão de Ló de Ovar gerida por mulheres tem uma sensibilidade especial?
O facto da APPO só ter mulheres nos seus três órgãos sociais julgo que nos tem trazido vantagens. Nem tanto pelo facto de serem mulheres, mas mais porque, realmente, e na grande maioria dos produtores, serem as mulheres que melhor conhecem o produto, porque são elas que o fazem.
As mulheres são as verdadeiras detentoras daquilo que não se explica por palavras, mas que se sente na qualidade do produto: O saber fazer! Para além disso, o diálogo é mais fácil, a teimosia é muito maior, porque as mulheres, muito habituadas às lutas do dia a dia, não desistem facilmente.

Há mais pontos de venda em Ovar. Isso traduziu-se em mais produtores e associados?
Haver mais pontos de venda em Ovar não representa mais associados, nem isso nos incomoda. O importante é a qualidade do produto que vendem, e o prestigio que dão à marca Pão-de-Ló de Ovar e à Cidade de Ovar.

Seis anos depois, considera que a certificação se traduziu em ganhos para os produtores?
A certificação é importante, na medida em que há controlo da qualidade do produto. É um assunto que estamos a tentar tratar, na medida em que 6 anos depois a realidade é muito diferente. Novos produtos, novas tecnologias… que não podem estar limitadas a um Caderno de Especificações feito há 6 anos e que nunca foi actualizado. É um processo muito complexo, muito difícil sob o ponto de vista burocrático e legal, mas que tencionamos abraçar. Em termos de ganhos meramente comerciais, não serão assim tantos… os custos, sim, são maiores, na medida em que o Pão-de-Ló de Ovar é um produto muito consagrado, muito conhecido e os consumidores continuam a procurar e a preferir Casas Especializadas na sua produção.
É importante a Certificação, mas não é condição nem garantia de futuro, porque o prestigio e a fama do Pão-de-Ló é eterna.

É possível combater as imitações (Pão de Ló Húmido, etc)?
É muito difícil, muito difícil. Porque não é o Pão de Ló que está registado. O que está registado é a palavra Ovar, e a sua utilização abusiva pode ser combatida sim, mas é morosa, muito morosa.

O que pensa do aparecimento de inovações como o Pão de Ló de chocolate e outros?
Sou a presidente da APPO e não me compete comentar outros produtos associados ao Pão-de-Ló, sejam de Chocolate, ou de Vinho do Porto ou outro qualquer. Da nossa responsabilidade é o Pão de Ló de Ovar feito com os ingredientes tradicionais, nada temos contra as derivações, mas, não nos diz respeito. Na minha casa só faço o Pão de Ló de Ovar tradicional, mas é apenas uma opção pessoal.

Como vê o encerramento do mais antigo produtor em actividade?
Lamento, mas a APPO nada tem a dizer sobre o assunto. Na casa dos produtores são eles que mandam, e o encerramento da actividade é uma decisão que a cada um compete tomar. Felizmente, não é o encerramento duma casa que colocará em perigo o futuro da marca.

Ainda vai conseguir realizar um grande certame em que o Pão de Ló seja a estrela?
Estamos a tentar! Estamos a fazer tudo o que for possível, junto com parceiro privado que está disponível para nos apoiar, no sentido de ainda, este ano, levarmos a efeito um evento gastronómico de algum nível.
Vamos continuar a dialogar, na expectativa que seja alcançado um acordo por todas as partes que terão de se envolver, mas estamos confiantes. Prometer, não o posso fazer… mas que a Direcção está a trabalhar nisso, isso posso confirmar.

Que projectos gostaria de implementar no tempo de mandato que falta?
Projetos, há muitos… concretizá-los é que é o mais difícil. A certificação é uma prioridade. Não num ano, nem em dois e se calhar até em três anos, mas é preciso recomeçar.
A questão do Posto de Turismo do Furadouro, que gostaríamos de voltar a por a funcionar! O seu aspecto exterior está degradado, aguardamos que a Camara resolva esses problemas, e que nos autorize a dar um outro aspeto, uns toldes, uma nova decoração interior, que estamos disponíveis para o fazer com custos da nossa responsabilidade. Uma participação da APPO na BTL de Lisboa é uma decisão que já está tomada.

Pensa recandidatar-se ao cargo?
Na APPO e neste momento essa questão é secundária. Somos um grupo de produtores, mulheres… somos todas iguais, e seja eu ou outra mulher colega, o que interessa não é a pessoa, o que mais interessa é o Pão de Ló de Ovar. Essa é a maior responsabilidade.
Continuar, com qualidade, com excelência…um legado de tantos e tantos anos, que é mais propriedade colética da Cidade e do Municipio que nossa. Os produtores apenas o fabricam… Mas o legado, a história é de toda a cidade.

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