Opinião

Em memória – Ricardo Alves Lopes

Tenho falado apenas da modernidade, da evolução, do que se precisa e não precisa fazer, mas Ovar também é uma cidade de memórias, de revivalismos, de tradições.

Neste sábado, envolvido em amigos, com uma alegria que se contagia pelo sol e se propaga pelos laços que nesta terra fui criando, deixei-me resplandecido ao sol. Um café, uma água e, não minto, um fino, enquanto ouvia as vozes dos meus amigos, revivia momentos passados e criava novos. Tudo no envolto das areias que se moviam, a espaços, entre pequenos bramidos de vento. O mar, esse, o imenso que nos dá o peixe e a arte xávega, deixava-se no seu recanto. Nem demasiado alarmado nem demasiado apaziguado, só normal. Normal como tem que ser sempre: belo, azul e infinito.

Estive na amena cavaqueira a saborear cada uma das palavras como se fosse uma doçaria. Cai-me em conversas, ergui-me em sorrisos e parti para o centro. Ia dar futebol e eu, mesmo com toda a minha ligação ao basquete, não resisto ao futebol. Muito menos ao meu clube, mas isso não importa nada. Fui novamente com eles, contudo houve alteração nos planos. Uma nova rajada, que não de vento, moveu-me para um Columbófila recém-aberta.

Pessoas de muitas idades, quase todas mais avançadas, mas também muita juventude a viver o passado, revestido no presente. Eu, tão pouco visitante da Ribeira, deixei-me levar pelo momento. Sentámo-nos à mesa a lanchar, a ver o futebol, a conviver e ainda conhecer novas pessoas. Pessoas que não são novas, mas se apresentam como novas no meu aprendizado da vida.

Chegou uma guitarra, chegou um cantor, mas bastou a nossa amizade para que o caminho se fizesse entre trauteios de umas músicas de brincadeira. As horas passaram, os momentos ficaram para sempre. E Ovar também é isto: memória.
E foi neste ambiente de plena felicidade, entre pessoas que tanto me alegram, que me chegou a notícia que me chocou. Quero deixar aqui um abraço a todas as pessoas que tinham a sua vida tocada pelo Pedro. Ele merece todas as homenagens, as pessoas que ficam merecem toda a força. Um abraço enorme para todos, que a maioria tanto me diz.

Termino triste, pela partida de alguém que não o merecia, mas com a esperança que todos possamos viver mais, tal como ele viveu, o pedaço de vida que nos outorgam. Tinha escrito outro texto, mas apaguei-o. Fez-me sentido relembrar os bons momentos que passei com os meus amigos no sábado, antes de receber essa notícia que tanto me entristeceu.
Não tenham vergonha de ser felizes. Vergonha é não tentar.

Ricardo Alves Lopes (Ral)
www.ricardoalopes.com
http://tempestadideias.wordpress.com

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