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Festival da Enguia lembra urgência de salvar a Ria

A enguia voltou a ser rainha durante dois dias, este fim-de-semana, no Cais do Bico, na Murtosa, que ganhou uma animação especial para receber o VII Festival Gastronómico dedicado à iguaria.

“Pretendemos manter vivo o que de mais rico tem a nossa terra, como sejam as suas tradições, a sua gastronomia e a sua beleza natural, bem como a nossa confraria”, explica Teixeira da Silva, destacado elemento da Confraria Gastronómica “O Moliceiro”. E não se pense que as adversidades são poucas.
Desde logo, porque o ingrediente principal, a enguia, é cada vez mais raro nas águas da Ria de Aveiro.
“As fortes correntes decorrentes da abertura da Barra, a ausência de moliço, provocam escassez de alimento, afastando-as do Canal de Ovar da Ria”, lembra.

Na opinião de Teixeira da Silva, a Ria precisa de tratamento com urgência. “São precisas obras de reformulação da Ria, possivelmente criando zonas de contenção artificial”, de modo a que os habitats da enguia, por exemplo, recuperem. Por outro lado, Teixeira da Silva defende a criação de regras de pesca que incluam a apanha da enguia ou reforçar a vigilância, “porque ninguém respeita os períodos de defesa, impedindo que as espécies recuperem e prejudicando gravemente o equilíbrio ambiental do ecossistema”.

Assim, a organização do VII Festival Gastronómico da Enguia, a cargo da Confraria Gastronómica “O Moliceiro”, da Murtosa, apesar de conseguir capturar uma boa quantidade do anguiliforme na Ria de Aveiro, não deixa de ser necessário “importar” algumas das Rias Bajas de Vigo, em Espanha.

O evento que chegou a circunscrever-se apenas a um dia alargou-se a dois, segundo o confrade de “O Moliceiro”, “para ir ao encontro de todos os que se mostravam interessados em participar”.

É interessante verificar que este tipo de eventos atrai cada vez mais gente e cada vez de mais longe. “Temos pedidos de inscrição das redondezas, claro, mas também do Porto ou Lisboa, por exemplo”, revela.

Este ano, a confraria conta com o apoio da Câmara Municipal da Murtosa na organização e, por isso, “pudemos alargar o evento a dois dias e, por consequência, a mais pessoas”. “Temos uma procura crescente deste tipo de iniciativas e tentamos ir ao encontro das pessoas, o que nem sempre é possível”, ressalva.

A enguia é um ex-libris inquestionável da Ria, mas a Confraria Gastronómica “O Moliceiro” também faz justiça a outros “habitantes” como a lampreia ou o sável. “Todos os anos, entre Fevereiro e Abril, fazemos o festival respectivo, mas também organizamos passeios e caminhadas à volta da Ria”.

Teixeira da Silva diz que “o muito que a confraria faz se deve à carolice dos seus elementos, que tudo fazem, desde a pesca até à confecção dos pratos na cozinha”.

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