Opinião

Frágil palheiro chamado UE – Sérgio Chaves

Quando o receio prevalece, por norma as coisas voltam a ficar quase sempre na mesma. A Grécia para já mantém os bancos fechados mas paradoxalmente fica na Zona Euro. Ninguém arrisca o passo para o escuro e adiou-se o “Grexit”.

grexitJá toda a gente percebeu que a Grécia nunca devia ter entrado neste trilho que ao fundo dá ao abismo, mas enquanto for andando não é consumida pelas chamas que também a perseguem. E não foi só a Grécia que entrou no trilho errado…

Tsipras somente recebeu tempo, não podia haver mais perdões pois isso seria o precedente para os outros aflitos. Cedeu em tudo excepto cortar as despesas militares. Daqui é lícito eu retirar que Tsipras espera um futuro brilhante para o seu país e que devemos estar todos muito sossegados!Assim a União Europeia julga também ela ter ganho um pouco de ar para respirar, mas dentro de dois anos volta o fantasma da Grécia e virá outro bem maior. Portanto a reter para já: “show must go on” ou na linguagem universal de casino…que a roda continue sempre a girar.

A construção política europeia do pós-guerra até aos anos 90 foi assinalável, mas quando se deu a brilhante ideia de pegar numa casa pré-fabricada e pousá-la em cima de qualquer tipo de terreno sem quaisquer alicerces, o caldo entornou. Foi exactamente o que se passou com o Euro/União Económica e Monetária sem a respectiva harmonização das políticas fiscais e equilíbrio dos participantes.

Nas Uniões julgo que há um espaço para a solidariedade mas comedida, caso contrário não existe respeito. As uniões têm de se reger por princípios sólidos e duradouros como a equidade, a justiça, o compromisso e a lealdade. Os povos da Europa já foram capazes de lutar e perder a vida uns pelos outros, mas hoje em dia vivem todos de mão estendida e desconfiados dos parceiros.

É assombroso pensar que uma nação como o Reino Unido, que saiu da sua zona de conforto para ajudar o Continente a ser libertado da tirania, possa colocar dentro de dois anos a referendo a sua permanência na União Europeia (o também já alcunhado de “Brexit”). Algo de muito errado vai nesta União!
Esta é uma lança maior que a Grécia que vai estar apontada à UE em 2017! Seguindo a linha de acção dos últimos anos da UE, tenho para mim que se o Reino Unido optar por sair (será o fim do projecto europeu), a UE vai a todo o custo continuar a salvar a Grécia. Por outro lado, e que tenho como mais provável: se o Reino Unido optar por ficar na UE, que esta vai acabar por deixar cair o elo mais fraco-Grécia.

Há muito que o dinheiro circula com muito maior velocidade e intensidade do que as decisões políticas. Esta é a realidade dominante que a esquerda não quer ver e que a direita insiste em não colocar qualquer travão. A roda gira muito depressa e é muito difícil fazê-la mudar de trajectória, mas o pior é quando ela acabar por embater de frente num grande obstáculo.

Sérgio Chaves
* O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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