A vareira Geny Seixas acaba de lançar a coleção “Carnaval de Ovar” em filigrana. A coleção é composta por colar, brincos e pregadeira, em Prata de Lei – tem uma versão mais económica em latão banhado a ouro.
Pode ser adquirida na loja, em Ovar, e através das redes socias, da GS Joalharia.
Como surgiu o teu interesse pela arte da filigrana?
Venho do design de moda mas sempre tive um gostinho pela joalharia. Em 2005 comecei a fazer bijuteria artesanal e desenhava algumas coisas mas sem técnica e sem conhecimentos. O que sabia era o que tinha aprendido em design de moda. Em 2012, voltei a estudar e fui fazer design de joalharia/ourivesaria. Tive a sorte de ter um bom professor de joalharia, o criador Bruno da Rocha, e nessa altura conheci a Conceição Neves, formadora em filigrana e foi com ela que aprendi. Foi paixão à primeira vista. Graças a estas duas pessoas, apaixonei-me pela joalharia e filigrana. Além de aprender tudo o que sei com eles, eles passaram-me as suas paixões por estas duas artes.
És a única filigranista certificada fora de Gondomar?
Em Portugal, somos 20 oficinas de ourivesaria artesanal tradicional (Filigrana) aderentes à Filigrana de Portugal Certificada, situadas em Gondomar e Póvoa do Lanhoso. Em 2018, Ovar também entrou para esse núcleo restrito, valorizando a técnica artesanal da filigrana, comum aos dois territórios, defendendo os seus produtores e protegendo a produção artesanal de imitações industriais que confundem os consumidores e desprestigiam a arte.
O teu nome figurou na Exposição “Filigrana” do Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa. Que significou para ti?
Foi e é uma honra, claro. E não só uma honra, é um orgulho levar um pouquinho de Ovar para a capital. Já que Ovar não me leva, eu levo Ovar (risos).
No âmbito da Joalharia de autor, lanças uma peça inspirada no Carnaval. Que peça é essa e como se pode adquirir?
Este ano lancei a coleção “Carnaval de Ovar”, inspirada num grande artista que passou por Ovar e muito pouco se fala dele, Zé Penicheiro. Já em 2023 desenhei, pela Charanguinha, o monumento que esteve em frente à Câmara de Ovar e que alguns elementos do Carnaval executaram em ponto grande. Esta coleção é a continuação da homenagem em seu nome. Um Neptuno em cima de um Cavalo Marinho. Esta coleção é composta por colar, brincos e pregadeira, em Prata de Lei, algumas peças em filigrana e uma versão mais barata em latão banhado a ouro. Pode ser adquirida na loja, em Ovar, e através das redes socias, da GS Joalharia.
Na Joalharia do Carmo, em Lisboa, uma das mais conceituadas, que podemos encontrar com a tua assinatura?
Na joalharia do Carmo, só estão à venda peças em filigrana com certificação da Filigrana de Portugal. Lá não se vende qualquer outra peça de joalharia. Na joalharia do Carmo podemos encontrar as minhas coleções inspiradas no mar e as ilustrações de cada peça em aguarela.
E no Museu Nacional do Azulejo? Como aconteceu?
No Museu Nacional do Azulejo estão a venda, na loja, a coleção inspirada num dos azulejos de Ovar em prata e filigrana. Esta parceria surgiu porque, simplesmente, entrei em contacto e eles mostraram-se logo interessados em comercializar esta coleção.
O Carnaval, o azulejo, a tua inspiração é Ovar?
O mar… é a minha principal inspiração e tudo que tenha ligação a ele. Vivi muito pelo mar, viajo muito pela beira mar e adoro a praia e Ovar, claro. Há muita inspiração em Ovar, também.
Enquanto artesã, e empreendedora, sentes que faltam apoios?
Apoios nunca tive nenhum, nem do Estado, nem da autarquia, de ninguém. Apoios financeiros zero! Apoios em divulgação a mesma coisa. E ás vezes um pouco de divulgação já ajuda muito. Mas em Portugal faltam muitos apoios.
Já fizeste alguma exposição em Ovar? Tens planos para isso?
Em Ovar, já tentei fazer uma exposição mas ficou mesmo só pelo “tentar” porque antes de apresentar uma proposta, a pessoa responsável deu-me logo um NÃO! A exposição consistia em mostrar, através de fotografia e vídeo, todo o processo do meu trabalho, desde a idealização até ao produto final. Trabalho esse que é feito, todo ele, manualmente, e a acompanhar esses vídeo e fotografias tinha também os esboços, a ilustração e a peça. Mas quero fazer, sim, porque sou de Ovar e ainda há muitas pessoas que não perceberam bem como a GS joalharia funciona.
És também uma fervorosa participante do Carnaval. A que nível?
Já fui uma fervorosa participante do Carnaval de Ovar . Este ano decidi deixar de lado o carnaval . Desenhei várias maquetes, desfilei uns bons anos na GRES Charanguinha … mas mudam-se os tempos e mudam-se as vontades. Continuo a adorar o Carnaval mas o Carnaval de diversão, porque há muita competição e pouca diversão. O lema hoje é “Vamos para ganhar” e eu sou mais de “Vamos para brincar, gozar o carnaval!!!”
O que falta para te sentires verdadeiramente realizada?
Acho que nunca me irei sentir verdadeiramente realizada porque se acabo de realizar e alcançar uma meta surge logo outra para realizar e assim sucessivamente. Vou tendo sempre objetivos na minha vida e só irão acabar quando já não estiver mais cá.
Onde te podem encontrar?
Quem quiser me encontrar pode fazer uma visita na loja em Ovar, nas redes sociais Facebook e Instagram, e nos pontos de venda, Furabeach, Aquahotel, Joalharia do Carmo (Lisboa, Óbidos, Ponta delgada), Casa do Campo (oeiras).
