CulturaPrimeira Vista

Há século e meio a “Reisar”

“Mas quem adivinharia
Que este nosso cantar
Se candidataria
A património imaterial!?!

É um dom especial
Que surge com nossa voz
Há século e meio a “Reisar”.

Mas, o dom imaterial
Esse, está p’ra além de nós:
Quem o merece, é OVAR!”
(Prólogo da Troupe de Reis do Orfeão de Ovar)

A candidatura do Cantar dos Reis de Ovar a Património Cultural Imaterial foi denominador comum da apresentação de muitas das 16 Troupes adultas que se apresentaram esta noite de terça-feira, no regresso à Praça da República.

Cantando à porta dos Paços do Concelho, a Troupe de Reis da Casa do Povo de Válega vincou que “as troupes da nossa Ovar/Prestam singela homenagem/aos reiseiros pioneiros/que nem podiam sonhar” e imbuída de um  entusiasmo incontido (e até excessivo!), atirou: “Com a maior humildade/que Ovar seria um dia/património da Humanidade/através dos Santos Reis”.

JOC LOCUm reconhecimento que é extensivo ao modo de sentir vareiro que esta tradição única no país tem captado ao longo dos (muitos) anos. “Museu do Azulejo/E do melhor Pão-de-Ló/No Carnaval se divertem/E na praia se entretêm/na cidade de Ovar”, homenageou a Troupe de Reis da AD Ovarense.

A JOC/LOC, na sua toada característica, embebida em violinos, fez a devida crítica social: “Dizem que o Natal/Perdeu o encanto de outrora” e acrescenta mais adiante: “Novembro chegado/É dever sagrado/Ir ao Centro Comercial”.

A Troupe de Reis Tradição & Juventude, por seu lado, também se declarou, num ritmo (quase) sempre pop: “Em tons de Ria te vejo/ Com sons de seara e pinho/ Entre cores do azulejo/Antiga te adivinho./ És peixe, praia e mar/És casa e o caminho/de que te gosta Ovar!/ De quem te estima!”

Em ano em que a “Troika” e a crise se viram relegadas para segundo plano nos temas entoados na noite fria, a Troupe de Reis da Ribeira pediu ao “Ano bom, acerta o tempo/E dá-nos o Euromilhões/(que nem ganhamos prós pinhões/A justiça traz alento/Que o citius foi um tormento/raça de invento”.

A temperatura esteve relativamente baixa e, a contar com isso, a Câmara Municipal instalou aquecedores na tenda e disponibilizou pequenas mantas para aquecer os espectadores mais friorentos.

Num dos intervalos das actuações, o presidente da Edilidade, Salvador Malheiro, reiterou o desejo de inscrever o Cantar dos Reis na matriz do inventário nacional do Património Cultural Imaterial. “Esta tradição orgulha-nos muito e quem não honra o seu passado dificilmente pode vencer os desafios do futuro”, reflectiu.

O autarca chamou a atenção para a presença do presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Lisboa, onde se situa o Bairro da Madragoa, cuja marcha popular desfila, todos os anos, na Avenida da Liberdade, descalça, em homenagem aos pescadores da costa vareira, já que ali se encontra radicada uma importante comunidade ovarense. Prevêem-se intercâmbios no futuro próximo.

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