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Inês Fonseca Santos trouxe poesia ao Museu

Sem pressa, como fez questão de referir a jornalista e poeta Inês Fonseca Santos na sua relação com a escrita, que resulta numa média da publicação de um livro por ano, a convidada de mais uma edição (8 de maio) do “Á Palavra no Museu”, ladeada pelo escritor Carlos Nunes Granja, autor deste projeto literário e pelo editor João Paulo da Abysmo, a editora que tem publicado livros de vários dos autores que já passaram pelo Museu de Ovar, falou de poesia como, “uma espécie de tentativa de regressar à nossa infância”.

A escritora, que fez o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com uma tese sobre “A Poesia de Manuel António Pina – O Encontro do Escritor com o seu Silêncio”, rapidamente mostrou com simplicidade, que “está muito bem em qualquer espaço”, como referiu Carlos Granja nas suas palavras iniciais de mais um “À Palavra”, que para além da vertente literária, permite sempre aos leitores um melhor conhecimento pessoal dos escritores que aceitam com visível satisfação virem a Ovar conversar sobre livros.

Foi, assim, inevitável, falar com particular doçura sobre a sua infância estimulada pelos avós para o gosto pela leitura, recordando o colo do avô, que lhe dava muito chocolate entre leituras de poesia, de que lembrou Álvaro de Campo entre outros que deixavam a Inês, nascida em 1979, “fascinada com as palavras e o ritmo”.

Ambiente familiar de que resultou uma pequena história, “Come chocolate pequena” que inventou para o seu contato com os alunos nas escolas, na abordagem da sua obra infanto-juvenil “A Palavra Perdida”, escrita depois de ser mãe e após a morte do poeta Manuel António Pina a quem Inês Fonseca dedica a personagem do Manuel que perdeu uma palavra.

A escritora definiu o acto de escrever poesia como “uma espécie de impulso para a escrita, que depois tem de ser trabalhado no papel… é procurar uma palavra perdida”, ou como acrescentou, “por nos faltar qualquer coisa, é que procuramos escrever nessa procura…” ainda que no seu caso, diga que, “a minha ambição é mais ler do que publicar. Procuro as obras dos outros”.

E, nesta procura, tem particular destaque a obra de António Pina, que João Paulo, da editora Abysmo, considerou que Inês Fonseca conhece como poucos.
Para o editor da Abysmo que já é familiar em tais eventos no Museu de Ovar, a poesia da Inês Fonseca “é mais do que uma promessa… é muito sólida, muito fora dos estilos da moda”, mantêm-se “em diálogo com a tradição”, referindo-se assim aos livros de poesia “As Coisas”, o seu primeiro titulo, publicado em 2012 e “A Habitação de Jonas” da escritora e jornalista que trabalhou na SIC Notícias e na RTP2, na rádio, Antena 1, foi coordenadora do programa “A História Devida”.

Escreveu a biografia “Produções Fictícias – 13 Anos de Insucessos” e publicou ainda, “Regressar a Casa com Manuel António Pina”.
Entre os vários momentos de poesia da noite, José Ferreira, declamou poesia da autoria da convidada neste Á Palavra, que no final, agradeceu, não só o típico doce Pão-de-ló de Ovar que recebeu das mãos de Manuel Cleto, mas sobretudo, desta oportunidade que resultou do convite do colega escritor Carlos Nuno Granja, que anunciou para a próxima edição deste evento a realizar em junho, a presença de Manuel Freire.

José Lopes

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