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Manuel Alves de Oliveira deixa o Partido Socialista

O ex-presidente da Câmara Municipal de Ovar, Manuel Alves de Oliveira, enviou uma carta ao Secretário-Geral do PS, dando conhecimento da sua desvinculação do Partido Socialista, partido pelo qual foi eleito, em Ovar, durante cerca de duas décadas.

“Não me revejo na lógica partidária que vem sendo assumida pelas estruturas locais do partido”, diz Manuel de Oliveira, acrescentando que não se revê “nas estratégias e tácticas, nem nas alianças ultimamente consumadas entre a concelhia e a distrital”. “E não me revejo em lógicas internas de subserviência, onde objectivos pessoais se sobreponham ao interesse e serviço público de qualidade necessária e que precisa ser reconhecida. Não me revejo no vazio de ideias e na falta de trabalho demonstrado de alguns dos intérpretes. Não presto homenagens a este tipo de lógicas e acções”.

No entanto, achou positiva “a realização de primárias para a eleição do actual Secretário-Geral”. “Não vejo, por exemplo, porque algo idêntico não foi feito para a escolha de parte dos candidatos para as próximas legislativas. Ou porque não é repensado o sistema eleitoral, imprimindo novas estratégias de participação e demonstração de ligação à comunidade, de compromissos sérios e ideias renovadoras”.

“Estas, entre tantas outras coisas, deveriam dar que pensar, como forma de garantir mais transparência, mais democraticidade, menos clientelismos e caciquismos”, salientando que “todas as democracias são imperfeitas e têm vicissitudes. Mas é isso mesmo que exige formas de aperfeiçoamento e procura séria de alternativas. E os partidos políticos deveriam dar exemplo de novas dinâmicas relevantes, em lugar de acentuarem o que de pior se faz nos regimes democráticos”.

O antigo Edil ovarense pensa que “grupos de estudo são necessários. Abertura a independentes é salutar. Renovação de listas podem ser bem vindas, não por critérios de clientela, mas porque a competência ou o estreitamento da ligação entre a “sociedade política” e a “sociedade civil” podem melhorar-se. Mas não serão suficientes se, por si só, significarem o risco do “fingimento do que se não tem”, do simulacro, tão implementado pelas lógicas mediáticas das agendas construídas “a propósito”, ou expressão de lógicas progressivamente burocratizadas e desumanizadas”.

A finalizar, acrescenta: “Embora defensor dos ideais que me levaram a entrar no partido e a servi-lo, entendo não dever continuar como militante. Sinto que muitos dos agentes e representantes da comunidade afectos ao partido, ou por lógicas estritamente pessoais, ou por alheamento e desconhecimento dos valores do socialismo democrático, estarão longe desses valores que quero continuar a preservar. E, por isso, não me sinto representado, nem vontade de partilhar o que não pode nem deve ser partilhado”.

Assim, na carta que enviou a António Costa, pediu “sem prejuízo do respeito por V.Ex.cia e por muitos simpatizantes e militantes do Partido Socialista, solicito a minha desvinculação do Partido”, concluindo ser esta “a única opção que a dignidade que prezo e o respeito pela minha consciência impõem”.

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