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“Pequenas vitórias que nos deixam felizes” – Fátima Alçada

A poucas horas de dar o “tiro de partida” para mais uma edição dos “Concertos (in)comuns em Lugares (in)comuns”, a programadora do Centro de Arte de Ovar (CAO) faz um balanço do trabalho feito ao longo de oito questões.

1.Que balanço faz destes 2/3 anos à frente da programação do CAO?
Assumi a programação do CAO em Novembro de 2013 e olhando para trás tem sido um trabalho muito intenso. Mais difícil do que começar um trabalho de raiz, é assumir um projecto já existente. Se o projecto de trabalho é consistente e sólido, (e estou a lembrar-me do Cine Teatro de Estarreja, que dirigi durante quase três anos) temos o nosso trabalho mais ou menos simplificado, mas se é um projecto errático, que foi o que encontrei em Ovar, sem linhas de orientação e sem nunca ter tido uma direcção artística, o desafio cresce exponencialmente. O que está a ser desenvolvido no Centro de Arte de Ovar vai muito para além da agenda de espectáculos. É um trabalho sem visibilidade imediata, mas é aquele que a longo prazo, dá os maiores frutos.
A criação de um grupo de teatro juvenil, que trabalha o ano inteiro, a criação de um serviço educativo que trabalha com escolas, mas igualmente com famílias e com instituições, os projectos comunitários, que pretendem envolver cada vez mais e mais pessoas, as conversas com os artistas, as tertúlias, as oficinas e workshops, são os que destaco de uma grande panóplia de acções, e que dão um carácter de missão a este trabalho.

2.Sente que Ovar começa a tornar-se um ponto de encontro da cultura da região centro?
Ovar é já no meio artístico e cultural, nacional, uma cidade de referência, na programação, acolhimento e na diversidade de propostas que oferece. O facto de sermos o único teatro/espaço cultural que pertence à maior rede nacional de programação, é sintomático da nossa importância no contexto nacional. Por outro lado, sentimos uma grande afluência de público de outras localidades, como Aveiro, Santa Maria da Feira, Albergaria ou São João da Madeira. Estas pequenas “vitórias” deixam-nos felizes, como é óbvio, mas ainda há muito trabalho a fazer, acima de tudo, em Ovar.

3.Há mudanças na filosofia dos Concertos (in)comuns em Lugares (in)comuns?
A filosofia dos Concertos (in)comuns mantém-se completamente. A grande alteração para este ano é que os concertos (in)comuns cresceram, no número de dias, de bandas e consequentemente de espaços. Também pela primeira vez pedimos a colaboração de várias instituições locais, que têm belos espaços e que merecem ser visitados, para acolher alguns dos concertos.

4.Nestes, que concerto e/ou local destacaria?
Os concertos (in)comuns têm como um dos objectivos, serem vistos como um todo. O ideal seria ir de “casa em casa” para ver e ouvir propostas sempre muito diferentes. De qualquer maneira, não consigo destacar um. Existem muito boas razões para espreitar todos eles.

5.É com eventos como o FESTA ou os Concertos (in)comuns que uma programação se impõe?
Também é. Mais do que uma programação, é uma cidade que se impõe. Para além de uma programação regular, nos equipamentos culturais que existem, é muito importante pensar e trabalhar um território como um todo, criando ofertas alternativas às já existentes, criando novos motivos de interesse, para nós que vivemos cá o ano todo e para quem nos visita.

7.A programação no CAO e no Museu Júlio Dinis, por exemplo, indica a existência de um trabalho em rede?
Sim. Desde o início temos trabalhado de uma forma muito colaborativa e complementar e percebemos também, desde o início, que esta é uma prática acertada. Partilhamos e trabalhamos ideias, recursos e abordagens. O Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, é um sítio maravilhoso, que nos deve orgulhar a todos, e a dinâmica que neste momento existe é um motivo acrescido de orgulho. Obrigatório visitar.

8.Que novidades/surpresas vamos ainda ter este ano?
Não sei se serão surpresas, mas teremos muitas novidades ao longo de 2016. Nos próximos meses, posso já adiantar que iremos receber o músico Perry Blake (2 Abril), que incluiu Ovar na sua tournée europeia, o Camané e os Dead Combo e as suas cordas da Má Fama. Na dança, teremos o Marco da Silva Ferreira, extraordinário bailarino e agora coreógrafo, que se tornou famoso do grande público por ter ganho um concurso de talentos. Com ele iremos também ter oportunidade de passar uma semana a trabalhar e a aprender, num laboratório coreográfico. No teatro iremos receber grandes nomes como o Albano Jerónimo, a Maria João Luís, o Bruno Nogueira, o Nuno Lopes ou o Miguel Damião, apenas para referir alguns nomes. Para as crianças e famílias foi criado um fim de semana especial, que se irá chamar os dias do puer e teremos ao longo de três dias, espectáculos a pensar exclusivamente neste público tão especial. Na área expositiva e trabalhando em rede, de uma forma muito efectiva, iremos apresentar uma exposição dedicada às varinas, que irá ocupar o Centro de Arte, o Museu Júlio Dinis e a Biblioteca Municipal.
No espaço público, iremos receber o Festim, nos dias 30 de Junho e 1 de Julho, com dois grandes nomes das músicas do mundo e o FESTA irá ter um novo formato, um pouco à semelhança dos concertos (in)comuns. E mais não posso desvendar para já.

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