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Luís de Matos está a terminar escultura de S. Cristóvão

O artista aradense, Luís de Matos, anunciou que a nova escultura de S. Cristóvão, Padroeiro de Ovar, deu hoje entrada na fundição. Depois de pronta, a sua obra seguirá para a frontaria da Igreja Matriz de Ovar, já que “a antiga, feita de pedra de Ançã e datada dos finais do século XV estava a desintegrar-se, pelo tempo de exposição às intempéries, ventos marítimos e poluição atmosférica”.

Luís de Matos esteve em Ovar, no passado sábado, para protagonizar mais um momento mágico proporcionado pelo Museu, inaugurando a exposição “Retratos”.

Natural de Arada, regressou a “casa”, meio século depois da sua primeira exposição (1964) e da sua partida para Itália como opção para não ir à guerra (“foi em Roma que descobri a democracia”).

Naquela cidade, tornou-se bolseiro da fundação Calouste Gulbenkian (1966/7) e viria também a frequentar o curso de pintura na Academia de Belas Artes, estagiando depois na RAI – Rádio Televisão Italiana, na área da cenografia (1968).

A Sala dos Fundadores acolhe a mostra de escultura, pintura e desenho de um dos autores que ficou ligado ao Museu, não só pelas suas obras, mas também, como lembrou o director do Museu de Ovar, Manuel Cleto, pelo seu empenho no enriquecimento do espólio artístico “desta casa, com obras de outros artistas, como do italiano Pericle Fazzini”.

Um período marcante na fundação deste Museu e do seu reconhecimento junto de vários artistas de renome.

Aproveitando a presença de convidados ilustres na sessão abrilhantada pelo “Grupo de Baladas Nostalgia”, Luís de Matos fez um apelo para que se olhe mais para “esta casa”.

A sua relação com o Museu “ficou a dever-se ao José Augusto que pediu ao meu irmão, que trabalhava no F. Ramada para eu aqui expor”, lembrando-se de um grande retrato que pintou na época sobre um pescador do Furadouro para a exposição no mesmo espaço em que voltou agora com “Retratos”.

Num sentido reconhecimento à figura que foi José Augusto de Almeida ao serviço da cultura, Luís de Matos partilhou ainda memórias de governantes que à época do Estado Novo se inteiravam da dinâmica do Museu de Ovar e se referiam ao fundador do Museu como um exemplo (“se Portugal tivesse muitos homens como o José Augusto…”)

Desfiou recordações de ambientes de contacto privilegiado com governantes, como profissional que entrou em 1973 nos quadros técnicos da RTP – Rádio Televisão Portuguesa e trabalhou também em cinema, teatro, ópera e bailado, bem como consultor de imagem e formador dos quadros de jornalistas e apresentadores dos canais de televisão RTP, SIC, TVI, TDM/Macau, entre outros, incluindo, professor na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa.

Nesta exposição em que predominam imagens de pessoas, como linha marcante de toda a sua vida profissional, Luís de Matos quis ainda mostrar, em Ovar, retratos em gesso de alguns dos jornalistas fundadores do canal de televisão SIC que está assinalar os 25 anos. Um projecto que o artista vareiro admite não ter sido viabilizado por contemplar alguns dos jornalistas que acabaram de certa forma “prostrados”.

Na ocasião e com a sua reconhecida frontalidade, perante os autarcas presentes, Luís de Matos lamentou o estado de abandono e degradação a que foi deixada na sua terra, uma das obras de que é autor, referindo-se à escultura do “Vela Areího”, inaugurada há meio século, uma “Alegoria à Ria”, que lembrou, pretendia ser “um ponto de referência da Ria”.

Por fim, José Fragateiro, na qualidade de presidente da Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de Pereira, ainda que tenha começado por dizer que “é fácil e difícil falar do Luís de Matos”, recordou “as lutas pelas liberdades que comungamos” e saudou este “retorno à sua casa”. Por parte do vice-presidente da Câmara Municipal de Ovar, Domingos Silva, “a dinâmica diferente e característica” do Museu de Ovar mereceu palavras de reconhecimento, ainda que frisando que a Câmara “não tem que fazer tudo, mas tem que criar condições para outros poderem fazer”. Concluiu o autarca sobre a obra e o artista Luís de Matos que “é um dia muito feliz para Ovar, ter aqui entre nós um vareiro de gema, que tão bem trata a arte e escultura”. Sobre a escultura no “Vela Areinho” deixou o convite à colaboração do autor para uma futura fase de recuperação e valorização das “ilhas”, na sequência do anunciado desassoreamento da Ria, assumido pelo Governo para breve, como já tinha sido sublinhado por José Fragateiro.

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