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Produtores querem que Governo dê “murro na mesa” para defender leite português na UE

O director da Associação Portuguesa de Produtores de Leite e Carne (APPLC) defendeu hoje em Ovar que, face ao “desespero e falência” dos empresários do sector, é tempo de o Governo “dar um murro na mesa” na Comissão Europeia.

José Lobato refere-se às consequências do fim do sistema de quotas na produção leiteira e ao crescente custo dos factores de produção portugueses face à política de “preços mínimos” praticada pelas grandes distribuidoras nacionais – numa situação agravada pelo recente “boicote do governo espanhol” à importação de leite português, para defesa dos produtores desse país.

“O ministro da Agricultura [português] criou um gabinete de crise para o leite e a suinicultura, mas isto já não vai lá só com intenções, por muito boas que elas sejam”, defende o responsável da APPLC. “Os produtores nacionais estão em desespero, muitos deles já não conseguem fazer face aos seus compromissos, as falências sucedem-se e é preciso dar um murro na mesa para alterar as coisas na União Europeia”, realça.

José Lobato acredita que a solução passa por fazer impor novas medidas em parceria com os países mediterrânicos cuja produção também está em risco e não deixa de incluir entre esses a própria Espanha, até para “evitar uma guerra desnecessária na Península Ibérica, que está toda a passar pelo mesmo problema”.

“Não nos podemos deixar mais ser comidos”, reclama o porta-voz dos produtores. “É necessário criar um novo sistema de regulação da produção ou voltar ao sistema de quotas para salvar as produções dos países mais pequenos”, afirma.

Para o director da APPLC, uma política “mais justa” no espaço europeu facilitaria também o poder negocial dos empresários portugueses juntos das distribuidoras das grandes superfícies comerciais, que manifestam “falta de escrúpulos” e “uma gula insaciável por lucros”, sem olhar à “dignidade” dos produtores.

“As distribuidoras não têm qualquer sentido patriótico, estão-se a marimbar para os produtores portugueses e também não querem saber da situação geral nacional, já que preferem importar leite de outros países mesmo sabendo que esse é de qualidade duvidosa”, nota José Lobato. “Nós bem queríamos que os pacotes de leite fossem obrigados a exibir o local de origem, mas por alguma coisa essa lei nunca consegue passar na Comissão Europeia – é para se continuar a proteger os tais países de grande produção e se poder andar a enganar o consumidor mais uns tempos”, refere.

Outra mudança que o diretor da APPLC gostaria de ver implementada é de âmbito comportamental e depende de uma maior sensibilização da população portuguesa para as vantagens da preferência pela produção leiteira nacional: “Comprar leite português é uma questão de patriotismo e uma vantagem em termos de qualidade. Toda a gente ficava a ganhar”.

Anunciando para diferentes regiões do país diversos encontros com produtores para discutir medidas a tomar, José Lobato admite que os empresários do sector “vão procurar defender os seus interesses sempre pela via pacífica e do diálogo”, mas não rejeita outras alternativas. “Claro que não podemos pôr de parte formas de luta mais drásticas, porque, a manterem-se as coisas como estão, isto é caminhar para uma morte lenta e, se pararmos agora, só morremos mais rápido”, conclui. (Lusa)

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