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Protecção da costa pode custar 780 milhões de euros nos próximos 30 anos

A proteção de alguns troços da costa norte entre a foz do Douro e o Cabo Mondego poderá custar 780 milhões de euros nos próximos 30 anos, refere um relatório sobre a defesa do litoral português.

No Sumário Executivo e Recomendações do relatório do Grupo de Trabalho do Litoral (GTL), a que a agência Lusa teve acesso, lê-se que o risco associado ao galgamento, inundação e erosão é “especialmente elevado” em alguns troços daquela região costeira e que, naquela zona, a proteção da costa representa, igualmente, a defesa “do vasto e muito valioso território interior da Ria de Aveiro”.

Os investigadores referem que, em consequência, será necessário manter a linha de costa, de modo a evitar o rompimento da restinga protetora da Ria de Aveiro (…) “por meio de intervenções de alimentação artificial”.

No capítulo do documento intitulado “Análise de estratégias de intervenção em troços críticos”, o GTL aponta dois cenários – não especificados – de subida do nível médio global do mar, estimando que os custos associados à alimentação artificial das praias variam entre os 740 e 780 milhões de euros nos próximos 30 anos até aos 1.900 a 2.300 milhões de euros a 90 anos.

Já no litoral entre o Minho e Douro, os investigadores frisam que o elevado défice sedimentar registado tem consequências no recuo da generalidade das praias, na progressiva substituição de praias de areia por praias de cascalho e em situações de risco elevado relacionadas com a construção de barragens e dragagens no leito dos rios.

“A colocação nas praias dos sedimentos arenosos e cascalhentos (…), que presentemente são dragados nas estruturas portuárias, poderá ser suficiente para minorar, ou mesmo anular, o défice sedimentar atual”, refere o documento.

Nos troços costeiros a sul das barras de Aveiro e Figueira da Foz, os “graves problemas de erosão” registados estão, segundo o GTL, relacionados com a retenção de areias devido aos molhes das estruturas portuárias – nas praias de São Jacinto e Figueira da Foz – preconizando-se a implementação de mecanismos de transposição sedimentar (igualmente não especificados) naquelas barras.

No Algarve, os investigadores destacam a alimentação artificial da praia de Vale de Lobo, a oriente da Quarteira, definindo-a como uma política de intervenção “exemplar”, por ter permitido “não só diminuir o risco de erosão costeira de todo o troço a oriente da Quarteira, mas também manter um areal que suporta a atividade turística”.

A estratégia adotada em Vale de Lobo a partir de finais do século XX, diz o GTL, “ao contrário do que aconteceu no resto do país”, baseou-se numa gestão sedimentar sustentada, desenvolvida com base no conhecimento e na monitorização do sistema costeiro e da plataforma continental.

Na zona do estuário exterior do Tejo e Costa da Caparica, os problemas detetados relacionam-se, segundo o grupo de trabalho, com a extração de “grande volume” de areias a partir de 1940, a que acresce um crescente risco de inundação pela ocupação urbana recente em cotas muito baixas.

Naquela zona, o GTL admite que a curto prazo, através da alimentação artificial das praias, será possível que o sistema “recupere o equilíbrio” e que o risco de galgamentos, inundações e erosão diminua, “conduzindo a uma situação semelhante à que se observa atualmente na extremidade norte da Península de Setúbal”.

No entanto, a médio e longo prazo (daqui por 40 a 90 anos), com a subida do nível do mar, os investigadores assumem como “provável” que o défice sedimentar se volte a registar “com consequente recuo da linha de costa da Costa da Caparica”, apontando três soluções: a alimentação artificial “com volumes [de areia] crescentes”, relocalização de usos e ocupações e a fixação artificial da linha de costa, através de obras pesadas de proteção costeira “como a construção de um dique de altura crescente”.

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