Opinião

Queijo Limiano – Sérgio Chaves

partidos

Começo a minha crónica com a transcrição das declarações do vendedor de pássaros, personagem da obra “Cada Homem é uma Raça”, de Mia Couto:

Inquirido sobre a sua raça,respondeu:
— A minha raça sou eu, João Passarinheiro.
Convidado a explicar-se, acrescentou:
— Minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia.

    Isto diz bem da complexidade de cada pessoa e dá uma dimensão maravilhosa da liberdade e individualidade presente no Homem.
Porém, não há homem isolado do mundo, é primitivo aquele que não está ligado e interligado à sociedade, à rede e às redes sociais. Toda a gente deve afirmar positivamente as suas ideias e conquistar o seu espaço, mas tal qual uma andorinha só não faz a Primavera, a soma de individualidades não faz por si uma grande equipa ou um grande país.
Esta introdução visa chegar à minha análise sobre o período de pré-campanha que já se vive em Portugal para as eleições legislativas e presidenciais.

Quanto às primeiras eleições (e dado a confirguração dos poderes conferidos pela nossa Constituição) são bem mais importantes, e a balança ostenta de cada lado os dois pesos pesados do costume, mas agora um número mais alargado de outros partidos ou “raças” ou quase “one man show”. E é aqui que quanto a mim reside a questão fundamental: aprecio a defesa de ideias próprias e que constituam melhorias às correntes dominantes, sobretudo quando estas estão em ruptura, porém torna-se óbvio que essas ideias e indivíduos não se conseguiram afirmar dentro das ditaduras dos partidos, que ao invés de se abrirem a novas pessoas e no fundo aos cidadãos e ao exercício da cidadania querem continuar a defender as suas “vacas sagradas” e os poderes instalados.

                  Por outro lado, vai-me perseguir a dúvida até aos resultados das legislativas, se esses novos movimentos não são uma tentativa de criar vários queijinhos limianos (lembram-se do deputado do CDS Daniel Campelo que tanto jeito deu em hora de aperto ao PS) que só estão à espera que faltem umas décimas para poderem aumentar exponencialmente o seu poder negocial e se colarem à governação (seja ela de quem for!).
Já no que respeita às presidenciais, com o estilo boneco de palha conferido e seguido nas funções, os partidos até se têm dado ao luxo de ver entrar inúmeros candidatos sem lhes porem obstáculos de maior. Quem sabe esse menosprezo não venha a sair caro aos partidos e tenhamos a agradável surpresa de ver alguém com mais pulso e independência que se porte como um verdadeiro pai e não como um padrasto ou tio afastado do país, dos portugueses e da própria assembleia da república.

Sérgio Chaves
* Autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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