Opinião

RepoVoar – Henrique Gomes

Vozes de gente trazida por naves vazias, fazem-se ouvir. Gente que se arrasta, ameaçando ficar por aqui. Crianças que voam rodopiando em torno de naves que parecem amaradas em tranquilas águas.
Naves de guerra que depuseram harmonia na praça- um tranquilo pousar que permite fotografias de família em hebdomadária rota alterada.

Crianças de sono adiado, sonham correndo de braços abertos, a toda envergadura. Ao longe, os despreocupados pais, seguem-nos do alto do seu posto de controlo.
E de repente, mais vozes! Vastas vozes sem eco! Vozes que ficam na praça, que permanecem e se substituem umas às outras.

Vozes de regeneração numa praça onde chegou a existir uma pretensiosa pedra renovadora- pedra quimera, fabuladora, ilusória, árida e estéril. Um aparto de vida, um parto de morte anunciada.

Outras vozes! Mais vidas passeadas em correrias e calmarias. Momentos para registar! O querer chegar mais perto, ainda mais perto. Os flashes para eternizar.
Ainda vozes! Temos o sim e o não. Os novos e os velhos do restelo. Mesmo assim, vozes que deixaram de pregar no deserto.

Um cúmulo de acreditar, de ser possível, com larga maioria qualificável e quantificável. O crer num santo que não é de cá e também não faz milagres, mas que melhora, renova e requalifica a cada passo dado.

É de fácil perceção que, privilegiando a dialética e a práxis, vencemos o impasse e deixámos de venerar entidades agnósticas. Outras vozes! Crianças que correm e urram alegremente, celebrando a imposição da vida sobre o deserto.

Um azul que chega ao solo e umas naves que chegam não se sabe de onde, permitiram um renovar de vida a algo que parecia carcomido e condenado à exibição de mórbidas lajes.

Henrique Gomes

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