Cultura

Reiseiros voltaram à escola

Agrupamento de Escolas de Ovar cumpriu a tradição

As trupes reiseiras infantis de Ovar visitaram a Escola Secundária José Macedo Fragateiro nos primeiros dias de aulas de janeiro, saudando a comunidade escolar com os votos de um auspicioso ano de 2024.

O ponto alto ocorreu na noite do dia 5, em que 12 trupes adultas encheram o Auditório Maria Cecília Oliveira com belíssimas melodias, animando professores, familiares e as incansáveis assistentes operacionais que serviram o indispensável bolo-rei e Vinho do Porto, cumprindo a preceito a tradição do «Cantar os Reis».

A Trupe do Orfeão de Ovar teve ocasião de homenagear Manuel Ramos Costa, criador e encenador da Companhia de Teatro Água Corrente, recentemente falecido e cujas letras inspiraram os respetivos cânticos nesta edição.

A Trupe da JOC/LOC homenageou Manuel Duarte da Silva, autarca, dirigente e executante da Banda Filarmónica Ovarense, por muitos anos colaborador na Revista Reis, da JOC/LOC. Falecido no ano transato, integrou o corpo de instrumentistas ao bandolim por largos anos.

Atuaram, por ordem de entrada: Trupe de Reis da Associação Fraterna de Prevenção e Ajuda; Trupe de Reis da Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes; Trupe de Reis da Associação Cultural de Sande, Salgueiral e Cimo de Vila; Trupe de Reis «Os Moliceiros», da Marinha; Trupe de Reis da Associação Cultural e Recreativa da Ribeira; Trupe de Reis do Orfeão de Ovar; Trupe de Reis da JOC/LOC; Trupe de Reis da Associação Cultural e Recreativa de Valdágua; Trupe de Reis da Associação Desportiva Ovarense; Trupe de Reis dos Bombeiros Voluntários de Ovar; Trupe de Reis da Música Nova; Trupe de Reis da casa do Povo de Válega; Trupe de Reis Tradição e Juventude.

O som esteve ao cuidado de António Miguel Fonseca, aluno do 12ºD, do Curso Profissional de Informática – Instalação e Gestão de Redes.

Um pouco de história

É no início de cada ano que um dos mais belos costumes tradicionais da gente vareira enche não apenas as ruas, praças e casas, como também a alma do povo, que não dispensa o (re)encontro festivo animador para enfrentar mais um ano nas suas vidas.

Esta tradição nasceu de forma muito livre e espontânea, com as trupes exibindo dotes harmoniosos de considerável qualidade. Mas com a experiência acumulada ao longo de mais de um século, os motivos inspiradores diversificaram-se e ganharam amplitude temática, abordando assuntos que instigam a Humanidade a corrigir comportamentos que fazem perigar o futuro.

O primeiro momento de cada prática corresponde à «Saudação», em que o grupo cumprimenta a assistência e predispõe-na, posteriormente, ao conteúdo da «Mensagem», procedente das palavras bíblicas da Adoração dos Reis Magos e do extraordinário simbolismo da veneração do Rei-Menino. Em terceiro lugar, surge a «Despedida», em que o grupo saúda os anfitriões e agradece o acolhimento prestado, particularmente representados nos bens oferecidos aos cantores e instrumentistas, que podem ser em dinheiro ou géneros (menos usual nos tempos atuais).

Património Imaterial de Portugal desde 2020, o “Cantar os Reis em Ovar” é uma manifestação de singular quali­da­de melodiosa vocal, com versos e partituras compostas por letristas e músicos autóctones, em que os poemas ganham, de ano para ano, assinalável qualidade literária. Disso é exemplo a diversificação de fontes inspiradoras a que os compositores recorrem, como é o caso das alusões aos desequilíbrios geopolíticos mais recentes, nomeadamente na guerra da Ucrânia e de Israel.

Texto e fotos de Hélder Ramos

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