Opinião

Um monumento que indigna os combatentes de Ovar – Joaquim Castro

No início de 2016, o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro (PSD), apresentou, através da sua página do facebook, o projecto de construção de um monumento aos combatentes do Ultramar. Conhecido o projeto, pela similitude, logo foi apelidado de “disco voador”, tanto pelos combatentes, em particular, como pela comunidade, em geral.

Os militares da Guerra do Ultramar, e diversos outros cidadãos, consideram que o monumento, tal como está concebido, é um fato que não está ser feito à medida do defunto, e resulta de um processo em que o carro andou à frente dos bois. Os combatentes e os cidadãos lamentam que um assunto desta envergadura, de tanto significado sentimental, fosse tratado de ânimo leve por quem encomendou o monumento;

Incomodados com o formato do monumento, com inauguração marcada para o dia 8 de Dezembro de 2016, um grupo de combatentes apresentou os motivos da sua discordância, relativamente ao modelo, da autoria do escultor João Antero, que participou na segunda de duas reuniões com o presidente da Câmara, Salvador Malheiro, em Setembro de 2016.

Durante essas duas reuniões, os combatentes puderam confirmar que, estranhamente, por ultrapassar os 75 mil euros, o projeto do monumento não foi aprovado em reunião de Câmara e não esteve em apreciação na Assembleia Municipal de Ovar. Porém, segundo algumas fontes, o valor da obra poderá ultrapassar os 150 mil euros, considerando a requalificação prevista do jardim Almeida Garrett.

Pior ainda, este projeto não esteve em discussão pública, como salienta Armando França (PS), ex-presidente da Câmara Municipal de Ovar, ex-deputado da Assembleia da República e ex-deputado do Parlamento Europeu. Que ainda acrescentou: “para fazer depressa e mal, há sempre tempo”. De salientar que a obra nunca teve um painel identificativo, onde também constasse o seu valor e o prazo de execução.

Mas o que mais incomodou foi a irredutibilidade do escultor João Antero, em fazer alguns ajustes à forma do monumento, nomeadamente ao nível da base, com incorporação de azulejos – Ovar é cidade-museu do azulejo – e de zonas verdes, o que levou os combatentes a levar o assunto à Assembleia Municipal de Ovar, cujos membros tomaram, provavelmente, conhecimento de tal obra, pela primeira vez.

Joaquim Castro*, Angola – 1968 a 1971, Furriel Miliciano
*Porta-voz do grupo de combatentes, nas reuniões com o presidente da Câmara e na Assembleia Municipal de Ovar

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