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Verão mais doce para vareiros e veraneantes

Os fornos já não são alimentados a pinhas, apanhadas durante a madrugada, e a massa já não é batida à mão, mas continua a haver Pão-de-Ló, só que, a semelhança de tudo o resto, a indústria deste doce de Ovar tem vindo a modernizar-se. Hoje, há Pão-de-ló de Ovar de chocolate e Pão-de-Ló de Ovar aplicado a muitas outras receitas da doçaria tradicional com bastante sucesso. A palavra de ordem é, pois, inovar e  diversificar.

Nesta linha, o certame do Pão-de-Ló de Ovar, que se tem realizado no centro da cidade de Ovar, também está de malas aviadas, abrindo ao público, este domingo, na praia do Furadouro.

O vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ovar, Alexandre Rosas, explicou que, nas datas habituais, a Praça da República não se encontrava disponível (ocupada com os aviões da Força Aérea), e assim, “a praia do Furadouro surgiu como o ponto com maior exposição para o certame, nesta altura do ano”.

pão de lóA mudança vai ao encontro das pretensões da associação de produtores como uma “oportunidade de demonstrar que a zona balnear é a mais adequada para o evento”, como defende Rui Catalão, presidente da APPO. Assim, a Mostra do Pão-de-Ló vai decorrer no topo da Avenida Central do Furadouro, entre 9 e 16 de Agosto, com os habituais produtores e fica garantido um verão mais doce para vareiros e veraneantes.

A Mostra de Pão-de-Ló de Ovar é uma organização da Câmara Municipal de Ovar e da APPO – Associação de Produtores de Pão de Ló de Ovar, e visa a promoção e valorização da doçaria local e regional, com destaque para o Pão-de-ló de Ovar e seus derivados, uma doçaria secular que integra o património cultural e gastronómico de Ovar.

No stand permanente da APPO, na Avenida Central do Furadouro, está por estes dias, o Pão-de-Ló São João, com sede na freguesia do concelho de Ovar com o mesmo nome. Ana Duarte, do Pão-de-Ló São João, também considera ser “uma ideia a deslocação do festival para aqui, porque é verão e toda a gente procura a praia”, justifica.

De resto, Ana Duarte diz que “o Pão-de-Ló sai sempre bem, quer seja procurado por quem já o conhece, quer por quem procura conhecer, como é o caso dos turistas estrangeiros que são sempre um pouco mais desconfiados”. Na sua óptica, a mostra virá dar mais notoriedade ao
doce vareiro.

A Mostra de Pão-de-Ló de Ovar é uma organização da Câmara Municipal de Ovar e da APPO, visando a promoção e valorização da doçaria local e regional, com destaque para o Pão-de-Ló de Ovar e seus derivados, uma doçaria secular que integra o património cultural e gastronómico de Ovar. Marcam presença os produtores do Pão-de-Ló Cruz, Cardoso, Flor de
Liz, São João, Celeste a Casa das Festas. Depois ainda há as barraquinhas da Liga dos Amigos do Hospital de Ovar, Confraria Gastronómica de Ovar, Porta da Quinta e a Mostra do fabrico do
doce.

De segunda a sexta-feira, a mostra funciona das 16h às 24 horas, e ao fim-de-semana, das 12h às 24 horas.

A Câmara Municipal de Ovar, em parceria com os produtores do Pão-de-Ló, avançou para o processo de certificação do pão de Ló de Ovar, com o propósito de salvaguardar a qualidade do produto, reafirmando o seu valor e promovendo-o a nível regional, nacional e internacional.

O processo de Indicação Geográfica Protegida (IGP), já foi aprovada pela Direcção Geral de Agricultura do Centro, delimita as áreas geográficas de produção e acondicionamento do Pão-de-Ló de Ovar, circunscrevendo-as ao concelho de Ovar. As condições de produção e rastreabilidade, as exigências de controlo, os factores históricos, os elementos que provam a relação com a origem geográfica, a reputação e notoriedade do nome e os elementos específicos da rotulagem constam do respectivo caderno de especificações. Segundo Rui Catalão, dirigente da associação dos produtores, o processo deu agora entrada na União Europeia para aprovação, o que deverá acontecer num prazo que não deve exceder os seis meses.

Receita secular

A documentação mais antiga a atestar a confecção do doce remonta a 1781. Alguns membros da família Arrota, que se diz depositária da receita de origem conventual, exerciam a actividade de fragateiros no Tejo e, a partir das oferendas a clientes nas épocas festivas, acabaram por divulgar e expandir as vendas deste Pão-de-Ló.
Surger nas actas da Irmandade dos Passos, como tendo sido o doce oferecido aos Padres que levavam o andor na Procissão dos Passos, em Ovar.
Até ao final do século XIX o fabrico era artesanal: a massa era batida à mão durante duas horas em alguidares de barro vermelho com uma pá de madeira, e cozido, em formas também de barro forradas com papel de linho branco, em fornos de lenha aquecidos com pinhas ou ramos secos. Para testar a temperatura do forno, era utilizada uma vara comprida, levando na extremidade uma tira de papel de linho branco, devendo permanecer no interior do forno durante o tempo de orar um Pai-Nosso, ocasião em que se invocava uma boa cozedura.

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