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Conhecer os sintomas ajuda a tratar o pânico

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No âmbito do Dia Internacional do Pânico, que se comemora hoje, Elisabete Albuquerque, psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, escreve um artigo onde deixa algumas recomendações para tratar esta condição.

Já alguma vez teve medo ou sentiu que o perigo estava próximo? Certamente que sim, não fosse este um dos instintos primários de qualquer ser vivo. No entanto, pode acontecer que essas mesmas sensações assumam uma intensidade fora do comum sem qualquer motivo plausível, ao mesmo tempo que surgem sintomas como respiração ofegante, aumento do ritmo cardíaco, transpiração ou tonturas. Nesses casos estamos perante uma situação de pânico.

O que é um ataque de pânico?

Define-se ataque de pânico todo o episódio em que, perante um medo intenso e inesperado, o nosso corpo reage com níveis extremos de ansiedade, acompanhados por um conjunto de sintomas físicos similares aos que ocorrem durante um enfarte agudo do miocárdio. Este tipo de ataques caraterizam-se ainda pela inexistência de um perigo que justifique o estado de medo provocado no indivíduo.

Entre os sintomas psicológicos mais comuns estão a ansiedade constante e exacerbada, a sensação de perigo, e o medo de morrer. No que concerne aos sinais físicos, pode testemunhar-se a existência de dores abdominais e/ou torácicas, dificuldade de respiração, ritmo cardíaco acelerado, transpiração, calafrios, tonturas, náuseas, entre outros.

Geralmente estes ataques tendem a surgir cerca de uma a duas vezes no decorrer da vida do indivíduo. Contudo, caso ocorram com frequência, podemos estar perante uma perturbação de pânico.

Acredita-se que as causas para esta condição possam ter origem em períodos de maior stress, na genética, em alterações ocorridas em algumas zonas do cérebro, assim como nalgumas doenças psiquiátricas, tais como a fobia social, o stress pós-traumático e a depressão.

Quais as suas implicações para a vida da pessoa?

Na presença de perturbação de pânico, e mesmo após um primeiro episódio em que esta se manifesta, pode verificar-se a ocorrência de algumas alterações no comportamento da pessoa, que advêm do medo de voltar a ter uma experiência como a anterior. Estas passam maioritariamente pela tentativa de evitar situações e lugares que o indivíduo acredita serem impulsionadores de um novo ataque, ou que de alguma forma o façam sentir inseguro.

Esta realidade acaba por se tornar um problema crescente para as várias instâncias da vida da pessoa, levando ao isolamento social, ao surgimento de fobias e/ou depressão, ou até mesmo à dependência de substâncias como o álcool e as drogas. Torna-se assim imprescindível efetuar um diagnóstico atempado e, posteriormente, um tratamento adequado.

Como combater o problema?

Sempre que estiver perante um conjunto de sintomas sugestivos da ocorrência de um ataque de pânico, é importante:

Perceber a natureza dos sintomas. No caso de dúvida, e sobretudo quando se trata de uma primeira experiência de pânico, é crucial não desvalorizar os sintomas e procurar assistência médica.
No caso das pessoas com historial de episódios semelhantes, deve-se aprender a identificar os sintomas e agir em conformidade, tendo sempre em mente que a ansiedade não mata: aumenta, atinge um pico e, invariavelmente, após alguns minutos, acabará por desaparecer.
O controlo da respiração é fundamental, recomendando-se uma respiração lenta e profunda (respirar para dentro de um saco de papel pode ajudar neste processo).
Procurar um local onde se sinta mais calmo/a e seguro/a, afastando-se dos contextos/situações que identifique como perturbadoras.
Procurar ajuda médica. A perturbação de pânico é uma perturbação psiquiátrica e carece de tratamento, seja ele psicoterapêutico, psicofarmacológico ou uma combinação de ambas as modalidades.

Elisabete Albuquerque,
Psiquiatra da UPPC

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