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A construção naval em Ovar: apogeu e declínio

Segundo Alberto de Sousa Lamy, na  Monografia de Ovar, na freguesia de Ovar, os estaleiros mais importantes ficavam no Cais da Ribeira onde anualmente se construíam dez fragatas.

Na primavera, o trabalho por cá estava feito e os calafates iam para Lisboa, onde se empregavam no serviço do conserto das embarcações antigas.

Na Monografia da Freguesia Rural de Ovar, de 1912, João Vasco de Carvalho refere-se à indústria da construção de fragatas e de outros barcos de menor tonelagem, a qual atingiu tal escala que a companhia dos caminhos de ferro mandou construir vagões especiais para o seu transporte para Lisboa e Porto.

Era ambém importante a indústria anexa, a dos fragateiros, empregando-se 2500 a 3000 ovarenses no serviço das fragatas em Lisboa. Rocha e Cunha escreveu a respeito desta indústria: “Os estaleiros de Ovar e Pardilhó, desde longa data e até há poucos anos, construíam fragatas e varinos para serviço de outros portos, principalmente Lisboa”.

Concluída a construção, estas embarcações, sumariamente aparelhadas e carregadas com madeira que servia de lastro e dava frete, tripuladas por três homens de boa têmpera, em geral ílhavos, aproveitavam a época dos ventos bonançosos do norte, e seguiam costa abaixo para o porto de destino.

Estas expedições, que por vezes tinham desfecho trágico, eram denominadas enviadas” (…)

Em 1890, todos os “barcos grandes” que se usavam na costa do Furadouro e nos restantes portos do concelho vareiro, bem como nas costas de Paramos, Espinho, Torreira e S. Jacinto, eram construídos em Ovar.

O mesmo sucedia com os “barcos pequenos”, do tipo bateira, usados nos portos deste concelho e nas costas de Paramos, Espinho, Torreira, S. Jacinto e Costa Nova do Prado, bem como em alguns dos que serviam os pescadores de Ouro, S. João da Foz e Afurada.

Dos construtores mais famosos sobressaem osnomes de João Gomes Silvestre que era mestre carpinteiro de machado, e o mestre Bernardino Gomes Silvestre, calafate, construtores num estaleiro que tinham ali para os lados da Ribeira.
João Pinto Ramalhadeiro em Artigos do jornal João Semana, Fragateiros de Ovar, conta que andou numa fragata, a “Sertória”, construída por eles em Ovar, e lançada ao mar em 7/3/1907.

“O mestre João era grande na estatura e grande nas obras que fazia. Tudo o que saía das suas mãos era perfeito”, elogia.

O irmão, mestre Bernardino, era a mesma coisa. João Pinto Ramalhadeiro chegou a vê-lo a calafetar uma fragata com água pela cintura…

Depois de se instalarem em Lisboa ficaram famosos. “Havia vários estaleiros na Praia de Mutela, mas os dos Marcelas rivalizavam com todos: serviam uma clientela das melhores que havia, de que faziam parte alguns proprietários de fragatas naturais de Ovar”.

João Ramalhadeiro garante que “muita coisa boa poderia dizer destes dois gigantes e competentes fragateiros da minha terra, que Deus chamou ainda novos.”

 

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