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“Não vai faltar Pão-de-Ló de Ovar na Páscoa”

O Pão-de-Ló de Ovar é um doce de todo o ano, mas é uma especialidade tradicional da Páscoa na região vareira, onde já “em 1781, eram obsequiados com Pães-de-Ló de Ovar os Padres que levavam o andor na procissão dos Passos” (“Os Passos”, da autoria do Padre Manoel de Oliveira Lírio).

Rui Catalão, produtor da iguaria e ex-presidente da Associação de Produtores de Pão-de-Ló de Ovar (APPO), garante que o Gabinete de Crise instalado na Câmara Municipal de Ovar nunca disse que “não autoriza o fabrico de Pão-de-Ló de Ovar”.

Confrontado com as declarações do actual presidente da APPO, o proprietário da “Casa das Festas” assegura “ninguém da Câmara Municipal de Ovar me proibiu de o fabricar e tive o cuidado de obter informações junto do Executivo sobre esse assunto”.

Em causa estarão declarações de José Ferreira Sousa, prestadas à agência Lusa, manifestando-se contra a proibição do fabrico que colocaria em causa está a actividade de 12 fabricantes certificados que “estão obrigados ao encerramento da sua actividade e deixaram de produzir milhares de Pães-de-Ló que, só na altura da Páscoa, eram expedidos para todo o país, frescos ou ultracongelados”.

“Não percebemos porque é que as padarias podem estar abertas e os supermercados podem vender bolos, bolachas, chocolates e tudo o que lá tinham antes, e nós estamos impedidos de fabricar um produto que, além de ser alimentar como os outros, é exclusivo de Ovar e tradicional”, afirmou José Ferreira Sousa.

O problema é agravado pela circunstância de os fabricantes locais “terem parado a sua produção bem antes do dia 18 de março”, data em que se activou o cerco em Ovar, e representarem maioritariamente “pequenas empresas familiares, o que contribui para a paralisação total económica do respectivo agregado”.

Numa publicação nas redes sociais, Rui Catalão assegura que vai abrir nos dias 10 e 11 de Abril, para produzir Pão-de-Ló de Ovar. “No Município de Ovar só não come Pão-de-Ló quem não quiser”, garantiu.

Artur Duarte, vereador do PS no executivo camarário liderado pelo PSD, também já se manifestou nas redes sociais sobre o assunto, lembrando que “em todo o concelho é tradição da Páscoa saborear-se o Pão-de-Ló e as regueifas”.

Referindo que “a pandemia está a arrasar” os negócios dos pequenos produtores desses bens alimentares, o socialista propõe uma campanha que, “com o patrocínio da Câmara”, incentive as encomendas locais na actual quadra religiosa.

“Lançava-se a campanha ‘Um doce vareiro para todas as famílias’. (…) Com a vantagem de termos um presidente que até aparece no programa do [Manuel Luís] Goucha, as famílias inscreviam-se ou contactavam directamente os produtores aderentes, para receber, por exemplo, um Pão-de-Ló ou uma regueifa por cada quatro pessoas do agregado”, sugere.

Adiantando que a entrega poderia ser feita ao domicílio, Artur Duarte deixa ainda uma recomendação mais específica: “A Câmara assegurava o pagamento de toda a acção e receberia das famílias não carenciadas, a título de donativo, (…) um valor mínimo de 20 euros, que seria depositado numa conta destinada a ser utilizada como fundo de apoio à recuperação do comércio local”.

(*Com Lusa/Alexandra Couto)

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