A vida dele não foi fácil. Ficou sem mãe muito cedo e foi baleado por um GNR em vésperas de actuar no Carnaval de Ovar, em 2012, mas hoje é uma referência do ‘hip hop’ tuga e acumula vendas e visualizações no YouTube.
NTS é a sigla de “Não Tem Significado” e foi criada em 15 minutos pelo puto, na altura, Fábio Ribeiro Vitó (nome real).
O miúdo cresceu e está na casa dos 30 e poucos anos mas lembra-se bem de como surgiram aquelas três iniciais.
Depois de ficar famoso por fazer um tema de improviso a Cristiano Ronaldo após o apuramento para o Mundial 2014, precisava de arranjar um nome artístico para se lançar.
Numa conversa por Messenger com o primo, em 2005, começou por sugerir nomes, até que, “na tanga”, veio-lhe à cabeça NTS. O primo reagiu logo com um “curti bué” e a sigla ficou.
O filho de um emigrante – nascido no Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar – não tem ares a vedeta, apesar do sucesso.
A sua página no Facebook regista centenas de milhares de fãs (likes), as músicas no YouTube oscilam entre 400 mil (‘Tudo Por Ti’, dedicado à namorada) e 1,5 milhões de visualizações (‘Poesia Violenta’, uma espécie de desgarrada contra outro rapper).
“Não quero ir para Lisboa, quero morrer aqui.” “Aqui” é Paços de Brandão, freguesia de Santa Maria da Feira onde viveu antes de se mudar para Espinho onde vive atualmente. Na época, não era o miúdo mais popular do liceu da zona.
Todas as quintas-feiras, após a aula de Educação Física, à saída do balneário, era insultado e agredido por três colegas. “Sempre fui discriminado por ter cara de puto.” O ‘bullying” manteve-se durante os três primeiros meses do ano lectivo, até ficar amigo de um colega respeitado pela turma. As agressões pararam.
A sua vida é feita de rimas, mas a música não é o seu único trabalho: faz piercing, é responsável pela Idealistas, que apoia as associações de estudante, foi dono de um bar em Esmoriz e tem o seu estúdio em Paços de Brandão.
Foi ‘host’ do Red Bull FrancaMente, a maior plataforma de oportunidade para jovens rappers em ascensão em território nacional.
Apesar de ser multifacetado, a música é realmente a sua grande paixão e coloca-a acima de qualquer outro trabalho.
A vida deu-lhe lições e, hoje, mais maduro, perdoa o passado e dedica o seu último tema à sua mãe, Cila:
“Há 59 anos atrás nasceste.
Maria Cecília Costa Ribeiro, conhecida como Cila.Partiste muito cedo, que saibas que a tua presença ainda se sente, dentro dos coração és daqueles que te amam.
Amo-te mãe”.
“Tu nunca estás fora de tempo se estiveres a viver o teu momento”
