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Safina reorganiza-se depois de escoar ‘stock’ e ser autorizada a laborar

A direção da empresa Safina revelou hoje estar em “reorganização intensa”, por ter despachado esta manhã ‘stock’ retido há semanas em Ovar e ter sido autorizada a retomar a laboração, apesar do cerco sanitário local devido à covid-19.

Pedro Coelho é o diretor dessa unidade de fabrico de alcatifas e relvados sintéticos no distrito de Aveiro, mantém-se como presidente do PSD de Ovar durante a pandemia apesar de o mandato ter terminado em março e explicou à Lusa que, por estes dias, adota o registo “apenas de empresário” porque é essa a prioridade “quando se percebe que o tecido económico do concelho é o que vai sair pior desta crise”.

O industrial reconhece, aliás, que a situação da Safina até é otimista, considerado que em Ovar “há quem esteja em posição bem mais difícil”, dada a suspensão de toda a atividade económica local relativa a produtos que não sejam de primeira-necessidade ou que não se destinem a setores considerados essenciais.

Depois de um primeiro escoamento de ‘stocks’ já em março, mediante “um processo muito burocrático e confuso” que implica autorização prévia da câmara, indicação do pessoal e das viaturas a utilizar, definição de rotas a seguir e procedimentos rigorosos de higienização de pessoas e bens, hoje a empresa teve oportunidade de voltar a utilizar o corredor especial para despacho de mercadorias e a coordenação já pareceu mais fácil, dada “partilha de conhecimento” entre diversas firmas no mesmo contexto.

“Hoje despachámos fio de polipropileno para clientes do Vale do Ave e também algum granulado de borracha para campos de futebol de Viseu”, revela o diretor da Safina, empresa que habitualmente funciona com recurso a 80 trabalhadores.

Má continuou a ser a pressão psicológica sobre os motoristas que asseguram o transporte desses materiais e Pedro Coelho diz que essa se vem acentuado desde que o município foi declarado em estado de calamidade pública, a 17 de março.

“Há pessoas que agora têm medo de receber encomendas de Ovar com receio de contágio e nota-se algum estigma na forma como tratam o nosso pessoal”, revela.
Ao longo do dia, a Safina foi também avançando com os procedimentos necessários para poder retomar a atividade na quarta-feira, depois de o Governo ter publicado hoje o despacho em que a autoriza a laborar durante a quarentena geográfica imposta ao concelho.

“Mas, 70% dos meus colaboradores vão ficar em casa porque temos que cumprir certos limites de ocupação para garantir distanciamento físico entre as pessoas e ainda estamos a tentar encontrar uma fórmula que permita alguma rotatividade entre todos os que se disponibilizem para trabalhar, para uns não serem prejudicados [em termos de honorários] em relação aos outros”, realça Pedro Coelho.

Esse esforço tem tanto de “necessário” como de “complicado”, considerando que, só em três semanas de cerco sanitário e suspensão de atvidade, o diretor da Safina estima já “um prejuízo na ordem do milhão de euros”, o que, mais uma vez, diz ser “uma perda mais pequena do que a que se vai verificar noutras empresas do concelho”.

Pesadas as vantagens e desvantagens do cerco, o empresário argumenta: “Pelas evidências iniciais, não me dei conta de que o maior foco de risco de contaminação fosse o meio industrial. Duas ou três empresas detetaram casos de infeção logo ao início, como a Simoldes [em Oliveira de Azeméis] e a Yazaki Saltano [em Ovar], e isso espoletou logo proatividade no restante meio industrial, levando as empresas a criarem os seus planos de contingência, já para evitarem ter que fechar”.

Nessa perspetiva, Pedro Coelho defende que “os primeiros 15 dias de cerco ainda se percebem, mas [que] a semana passada a atividade económica devia ter sido retomada por toda a gente, com medidas de segurança rigorosas, de acordo com as características de cada ambiente laboral”.

Há ainda outra questão sobre a qual o empresário diz ser preciso refletir. “Ainda não vi que se tenha desenhado um plano de contingência para os espaços que representam o maior risco de saúde, que são os lares de idosos. Percebo que tudo isto é novo, mas faltou-nos agilidade e um foco de preocupação nos locais mais sensíveis – que não eram as empresas”, conclui. (Texto: Alexandra Couto / Lusa via Saúde+)

 

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