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Vareiros radicados na Alemanha adiam regresso para o Natal

Para o vareiro Celso Mané Ferreira, estabelecido em Hamburgo, na Alemanha, este será uma dos raros anos em que não virá a Ovar, nestas férias, visitar a família.

No país de acolhimento, nem o «schiet-wetter» impediu que os portugueses, povo soalheiro, formassem junto ao porto de Hamburgo o bairro mais marcadamente lusitano de toda a Europa. Por ali se encontram o “Olá Lisboa”, “Porto”, “Nau”, “Casa Madeira”, “O Farol”, “O Pescador”, “O Frango”, “O Cantinho do António”, “Sul”, “Casa do Benfica” e “A Varina”, tudo nomes familiares a cada esquina, bandeiras com quinas a esvoaçar nas janelas.

São cerca de 40 os bares e restaurantes portugueses no quarteirão, com alguns a adicionar tapas espanholas à carta para alargar a clientela.

Quando o vareiro Celso Mané Ferreira chegou, nos anos 1970, só havia dois: o “Benfica” e o “Sagres”. Partiu de Ovar com 15 anos para se juntar aos pais que congelavam peixe e faziam filetes numa fábrica naquela região de Hambgurgo.

“Este bairro era medonho”, diz o dono do restaurante “A Varina”, decorado com fotografias de Eusébio, Ana Moura e galhardetes de Ovar. “Havia bares de marinheiros, o hotel deles e até um bairro de barracas com velhos marujos no degredo. Paravam aqui também sul-americanos e cabo-verdianos ligados a negócios obscuros. No café ali da esquina, que hoje é “O Pescador”, nem a polícia entrava. Quando o actual dono, português, comprou aquilo a um espanhol, descobriram um cadáver escondido atrás de uma parede falsa”.

Outros tempos. Hoje até os alemães sabem onde está a saudável gastronomia mediterranica. Vivia-se um período de desafogo, mas a pandemia chegou e, sem aviso, instalou um novo medo. As dúvidas e a incerteza sobre a evolução da covid-19 já levaram muitos portugueses a viver no Reino Unido, Suíça e Alemanha a cancelar as viagens de regresso no verão ou redobrar cuidados.

A crise instalou-se também na restauração alemã. Apesar de todo o investimento que foi preciso fazer para cumprir os requisitos de saúde num país com grande sucesso no combate à Pandemia, Celso Mané Ferreira diz que “os clientes são menos”. “Tivemos uma ajuda do Estado que deu para pagar a renda, mas as situação não está fácil”, acrescenta.

Assim, por segurança, este ano a família vai ter de esperar: “Costumamos ir a Ovar, todos os anos, no verão, mas este ano não vai ser possível”. Celso Mané garante que vai ser difícil, mas a volta fica já marcada: “Talvez lá para o Natal, se tudo correr bem!”

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