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Nobel: María Corina Machado, a luso-venezuelana que arrasta multidões

Na rede social X, María Corina Machado, o principal rosto da oposição ao regime de Maduro, apresenta-se assim: “Venezuelana, mamã de três, engenheira e liberal. Candidata presidencial. Só concebo a minha vida na Venezuela e em Liberdade.” Não é a candidata oficial, mas é por ela que as ruas gritam quando chega a qualquer localidade, rodeada de um escudo de motociclistas que a anunciam e protegem.

A fundadora do partido político Vente Venezuela, Maria Corina Machado, elogia sempre que pode o exemplo de ética, trabalho e generosidade dos luso-venezuelanos no país e apelou ao seu voto. Sublinhando que partilha com essa comunidade “antepassados comuns”, está confiante na derrota do atual Presidente, Nicolás Maduro.

D.R.

“A comunidade portuguesa é enorme. Tenho muitos amigos (entre os portugueses) e eles também me têm demonstrado muito carinho. E têm uma particularidade que, podem perguntar porque qualquer venezuelano (porque) sabe disso, é serem muito trabalhadores; essa ética de trabalho e responsabilidade, generosidade, e também são muito unidos e partilham a sua cultura”, disse à Lusa, em Caracas.



O sobrenome de Machado, explicou, vem de “uma família de Portugal, com já vários séculos na Venezuela, e que se radicou em Ciudad Bolivar, no estado de Bolívar, no sul da Venezuela”.

“Portanto, temos antepassados comuns, uma origem comum”, frisou emocionada. Sublinha que se sente muito honrada cada vez que a convidam à tertúlia da Academia do Bacalhau, elogiou ainda a união dos luso-venezuelanos e a sua dedicação ao país de acolhimento.

“É esse espírito de comunidade que temos de fomentar. E acredito que é isso que faz que estejam aqui e permaneçam aqui. Não se foram embora em proporções como as pessoas de outras comunidades, pelo contrário, muitos estão a regressar”, disse, sem esquecer que é em Portugal, na zona de Estarreja, Ovar e Murtosa, que muitos venezuelanos escolheram para viver nos últimos anos.

Apesar de tudo, “há uma confiança” no futuro do país, mas “uma confiança partilhada”. “E isso é muito importante. Sentir que todos fazemos parte disto (uma Venezuela de oportunidades). Eu digo sempre que não posso fazer isso sozinha e sinto que a comunidade portuguesa é um exemplo incrível nesse sentido”, frisou.

D.R.

Maria Corina Machado formou-se como engenheira, uma profissão que exerceu muito pouco tempo, e recorda as lições dos pais de “responsabilidade pelo país”.

“Eu nasci numa família muito unida, sou a mais velha de quatro mulheres, e foi uma enorme sorte ter uma família onde os nossos pais nos criaram como cidadãos livres, a tomar as nossas próprias decisões e nos ensinaram um grande amor e responsabilidade pelo nosso país, pela Venezuela e pela liberdade”, disse.

Durante anos, afirmou a fundadora do Vente Venezuela, os venezuelanos têm-se preparado para as primárias da oposição.

María Corina Machado tem percorrido o país ao lado de Edmundo González, o candidato cujo nome consta do boletim de voto depois de o Supremo Tribunal Federal ter impedido a candidatura de Machado por estar impedida de exercer cargos públicos durante 15 anos. A sentença diz que infringiu a Constituição ao acumular o mandato de deputada com o de “representante alternativa da delegação da República do Panamá na Organização dos Estados Americanos”, em 2014, e ter ajudado a articular o apoio internacional ao autoproclamado presidente Juan Guaidó, inclusive sanções económicas internacionais contra a Venezuela.

Nobel inesperado

Joergen Watne Frydnes, presidente do Comité Nobel, que anunciou o nome do vencedor, descreveu María Corina Machado como uma “corajosa e empenhada defensora da paz” e uma “mulher que mantém acesa a chama da democracia no meio de uma escuridão crescente”.

Comité Nobel divulgou um vídeo no X que exibe o momento em que Kristian Berg Harpviken, director do Instituto Nobel da Noruega, telefona a María Corina Machado para lhe anunciar que venceu o Nobel da Paz. “Meu Deus. Não tenho palavras”, começa por dizer a opositora política venezuelana, com a voz claramente embargada.

  • Muito obrigada, mas espero que compreenda que somos um movimento, isto é uma conquista de toda uma sociedade. Sou apenas uma pessoa. Certamente não mereço isto”, acrescenta.

 

 

 

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