CulturaPrimeira Vista

O Herbário de Júlio Dinis, esse tesouro desconhecido

II Jornadas Dinisianas em Ovar, dias 14 e 15

Joaquim Guilherme Gomes Coelho era o verdadeiro nome do médico e escritor natural do Porto, que passou o período mais brilhante da sua carreira literária em Ovar e usou o pseudónimo de Júlio Dinis, nome que o imortalizaria nos vários romances publicados.

Na altura em que termina o curso na Escola Médico-Cirúrgica, em 1861, sofria já de problemas de saúde recorrentes, nomeadamente a tuberculose, pesada herança que já havia vitimado a sua mãe e todos os seus oito irmãos. Impedido de praticar ativamente a profissão de médico, dedicou-se mais intensamente à literatura, que a partir de então denuncia a influência dos ambientes rurais vareiros para onde se retira por conselho médico, na expectativa de curar do mal que o enfermava.

Fascínio na Madeira

Foi ainda esperançado numa cura de ares que por duas vezes esteve na ilha da Madeira. Aqui, e para além de continuar a sua atividade de escritor, dedicou-se a recolher e colecionar espécies vegetais autóctones, com as quais compôs um herbário, hoje na posse do museu da Escola Rodrigues de Freitas.

O herbário de Júlio Dinis possui 40 espécies de Pteridófitas organizadas por famílias e em cada família, cada folha corresponde normalmente a um espécime que apresenta apenas uma espécie.

Capa do herbário de Júlio Dinis (à esquerda) e da dedicatória manuscrita por José Joaquim Gomes Coelho onde se lê: “Ao meu amigo Augusto Luso da Silva ofereço como uma lembrança da ilha da Madeira, Junho de 1870, José Joaquim Gomes Coelho” (à direita)

As folhas de tamanho 33×54 cm estão preservadas em duas caixas de cartão e resguardadas em capas de Melinex (um trabalho de curadoria deste herbário em 2021 pelos técnicos da Câmara Municipal do Porto).

Herborizar” é preciso

Este herbário esteve em grande destaque em dois eventos promovidos pela Câmara Municipal do Porto. Foi o objeto de relevo numa das sessões: “Um objeto e seus discursos por semana” em 2019 e foi exposto na reabertura do Museu Romântico do Porto em 2021.

Esta reabertura coincidiu com a feira do livro em que Júlio Dinis foi o escritor homenageado. Nesse ano o tema da Feira do Livro foi “Herborizar”, e a este propósito, durante este evento foi editada uma edição fac-similada deste herbário atribuído a Júlio Dinis.

Este herbário estará em destaque na segunda edição das Jornadas Dinisianas, nos dias 14 e 15, em Ovar, onde será abordada a temática da ciência na obra de Júlio Dinis.

Pretende-se refletir acerca da formação positivista do escritor portuense e da sua produção literária.

As Jornadas Dinisianas são constituídas por um conjunto de atividades formativas que partem do contexto de produção e de algumas linhas temáticas da obra de Júlio Dinis para uma reflexão sobre grandes questões contemporâneas.

Exemplares do herbário “Collecção dos fetos, equisetos e lycopódios da flora madeirense”. A) Família: Polypodiaceae; espécie: Elaphoglossum squamosum. B) Espécie: Blechnum spicant.

Para abordar este interesse pouco conhecido de Júlio Dinis, estará na Casa-Museu, no dia 15, às 9h, a Dr.ª Ana Bela Saraiva, responsável técnica do Museu da Escola Secundária Rodrigues de Freitas.

 

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo