A fotografia na “Horizontal” de André Gigante no CAO
Inaugurada no passado sábado, esta é uma série que explora longas exposições fotográficas sobre materiais e luzes em movimento, e foi desenvolvida em estúdio seguindo um processo experimental onde se procura espaço dentro do lugar abstrato.
A fotografia como contentor de tempo, o tempo como abertura à luz, seus gestos e formas em suspenso, o lastro antes da figura concreta, o indefinido gritando definição.
É esse o lugar intermédio, em tensão e perspetiva, sugerindo sobre o vislumbre histórias que algumas imagens ainda não sabiam serem suas, plenas poéticas, na iminência do acontecer. Indícios onde reside o silêncio, onde a saudade perdura, onde o infinito seduz. Horizontal, como a linha que só existe ao longe, quando se aproxima permanece horizonte.
Essa cativante distância com implícita profundidade, com inevitável espacialidade e com a imaterialidade do tempo, é lugar onde repousa a vista e se eleva a mente. Cama para longo percurso, como se desgastada, a vista, pedisse guarida ao lá chegar, ou se divagada a mente, fosse já ausente de um regresso.