A palmeira centenária do Largo da Olaria está a morrer
Como a própria placa que lá está indica, a palmeira do Largo da Olaria, em Ovar, está lá, practicamente há 102 anos. Apesar de o largo ter sido alindado em outubro passado, “ninguém se apercebeu que já o escaravelho vermelho, ou escaravelho da palmeira (Rhynchophorus ferrugineus) a consumia”, alertam moradores na “Minha Janela Ovarense”.
“Porventura irremediavelmente perdida a palmeira, de pé, que foi plantada nas comemorações do dia da árvore (embora não sendo uma), espera que alguém se digne tratá-la, na esperança que seja possível, ainda, salvá-la”.
Paulo Bonifácio, um dos que tem chamado a atenção para o risco que corre a árvore centenária, aponta para o facto de, “no largo, e por baixo da sua coroa, outrora frondosa, poderem ver-se os casulos da larva do escaravelho, contribuindo para a disseminação do escaravelho da palmeira, que quando não tem alimento para a próxima geração, os insectos adultos colonizam outras palmeiras, voando longas distâncias, que podem chegar dos 3 aos 5 km, ou caminhando pelo solo, procurando o alimento”.
Este insecto, possui grande capacidade reprodutiva, a fêmea do escaravelho deposita entre 300 a 400 ovos, completando o seu ciclo biológico em apenas 3 a 4 meses, significando que podem ter pelo menos três gerações por ano e numa mesma palmeira, como esta, podem encontrar-se simultaneamente todas as fases do ciclo de vida do insecto: ovos, larvas, pupas e escaravelhos.
Do género Phoenix, espécie Palmeira-das-Canárias (Phoenix canariensis), este exemplar será um dos primeiros, do espaço público, senão mesmo o primeiro, a ser atacado por esta praga, em Ovar, cidade, o que quer dizer que outras, em locais públicos ou privados, estarão já atacadas ou o serão em breve, caso não haja um combate persistente à praga que as dizima.
Em Ovar, concelho, continua Paulo Bonifácio, “basta circular pela EN 109 onde se vê que são inúmeras as palmeiras, umas já doentes, outras completamente mortas e as que parecem saudáveis estarão, com grande probabilidade, já a hospedar a praga”. “As espécies já mortas e as que não possuem já recuperação, uma vez que existe tratamento para a fase inicial da doença, devem ser cortadas e incineradas (tudo isto com o máximo cuidado e protecção para não contribuir para a proliferação do escaravelho e para eliminar aqueles que ainda se encontram hospedados na espécie atacada)”.
Contactada, a Câmara Municipal de Ovar informou que está a ultimar um procedimento para aquisição de serviços no sentido de verificar a saúde das palmeiras do concelho e decidir em conformidade com o seu estado.
Leia aqui a história desta palmeira no artigo “A festa da árvore e a antiga Escola da Olaria”, publicado no Jornal João Semana de 1 de abril de 2005