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Alberto Sousa Lamy sobre “A Educação na 1.ª República”

 
“Foi uma agradável conversa sobre o patrono da EB António Dias Simões”, reconheceu, no final da sessão, o vice-presidente da Câmara Municipal de Ovar, Domingos Silva.

Foi uma “conversa agradável sobre o patrono”, realçando que, “é sempre um gosto ouvir o Dr. Alberto Sousa Lamy com quem se aprende muito, tanto mais, num espaço como é a escola”.

O autarca manifestou ainda ter um “carinho grande pela família ligada ao Orfeão de Ovar” porque, como concluiu, “António Dias Simões era um homem da cultura”.

Nesta conversa, que decorreu em tom familiar na passada sexta-feira, em que esteve também presente a bisneta de António Dias Simões, Alexandra Gondin Pacheco, e a diretora do Agrupamento de Escolas de Ovar, Cecília Oliveira, começou por apresentar a iniciativa, como uma “singela homenagem ao patrono”, felicitando por isso a ideia dos assistentes operacionais da escola.

Em nome da organização, Joaquim Fidalgo, lembrou que a palestra “O ensino em Ovar na Primeira República” se integra no Plano Anual de Atividades do Agrupamento, no âmbito de uma proposta dividida em diferentes fases, que já abordou, através de uma palestra com os reiseiros, Padre Pires Bastos e João Costa, “A influencia de António Dias Simões nos primeiros acordes do cantar dos reis”.

Joaquim Fidalgo, que fez uma breve apresentação do palestrante convidado e do patrono homenageado, deu a palavra ao historiador, Alberto Sousa Lamy, “para nos falar dessa época em que a taxa de analfabetismo era esmagadora” e assim, acrescentou, “nos transportar ao dealbar da Republica Portuguesa, em que não era de um dia para o outro que, se mudavam mentalidades, os rapazes e as raparigas deixarem a enxada e o dedal e irem para as escolas”.

Entre os muitos apontamentos da história local que Alberto Lamy partilhou sobre a vida e a obra do poeta António Dias Simões, que nasceu a 29 de setembro de 1870 e faleceu a 22 de Dezembro de 1922, foi inevitável falar de uma “família de artistas” em que disse ser ” justo salientar” a sua filha Maria Amélia Dias Simões ou a neta Edwiges Helena Gondin, bem como falar das obras de António Dias Simões, que incluíram versos, peças de carnaval, operetas e dramas.

No capítulo do ensino, destacou-se ao fundar com o comerciante Francisco de Matos o Colégio Júlio Dinis, para o sexo feminino, num prédio da esquina da rua Coronel Galhardo que viria a encerrar portas em 1916. Para o sexo masculino fundou também uma secção do Colégio Júlio Dinis que viria a ser visitado em 1913 pelo ministro da instrução.

Época de mudança da monarquia para a 1.ª República a que não resistiu o Colégio que funcionou na atual Santa Casa da Misericórdia, “Sagrado Coração de Jesus e Maria” (1897 a 1910), ainda que o novo governo fomentasse a abertura de escolas em todo o país.

Recorrendo a referências do livro de Zagalo dos Santos, Alberto Lamy realçou que António Dias Simões “foi um dos filhos de Ovar melhor dotados para deixar de si, na lembrança dos seus conterrâneos, um rasto imperecível”.

“Poeta, dramaturgo, historiador, calígrafo, miniaturista, tudo isso foi e de tudo poderia legar mais documentos de raro valor se, a cada um dos ramos de actividade mental, tivesse associado estudo sério, cuidados de acabamento. Foi um perdulário do talento com que o destino o mimoseou…”.

O palestrante não resistiu a uma incursão no estado atual da imprensa local, que como disse, não se sabe bem de que corrente política é porta-voz, bem ao contrário do tempo em que António Dias Simões também escreveu em jornais locais, como a Folha de Ovar e a Pátria em que publicou a sua obra de investigação histórica – “Biografias”.

José Lopes

 

 

 

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