Alinhamento de posições não implica esvaziamento de opiniões – Sérgio Chaves
Sou acérrimo defensor da pluralidade de crenças, credos, hábitos e sobretudo de opiniões e vontades. Essa afirmação de liberdade deve andar sempre de braço com o respeito, e em nada deve dificultar consensos alargados e obstruir a formação duma efectiva consciência colectiva.
Boa parte do tempo vive-se em guerrilha, e só quando acontece uma tragédia se reafirmam os princípios fundamentais. É como a história das boas acções ficarem para o Natal enquanto se andou às turras o resto do ano.
Presidentes de clubes trocam acusações, agridem-se, discute-se quase tudo menos futebol, que cada vez fica mais pobre. Políticos e partidos atacam-se com quase tanta regularidade como saem balas no médio-oriente. O país tem costas largas e todas as desculpas são válidas na hora de tentar ganhar o poder. País esse que fica sempre em segundo lugar de quem por lá passa, transversalmente da esquerda à direita. No meio disto nem uma visão estratégica é apresentada para os nossos filhos e netos, só intrigas e disputas menores para encher telejornais durante uns meses. Se são assim tão democráticos, entendam-se!
Entretanto, acontece algo chocante como em Paris e esquece-se quem vendeu as armas, quem colonizou de forma muitas vezes brutal, aponta-se o dedo a uma multidão indiferenciadamente. A Europa não deve ter vergonha ou tentar omitir o seu passado, pois isso não o apaga ou altera. Não deve por isso ter medo de se impor a quem não se quer integrar na sociedade e punir quem não vive ou deixa viver em liberdade e tolerância.
Por outro lado, não deve deixar de dar a oportunidade aos que não têm alternativa senão fugir e cá procurar uma vida melhor, respeitando a sua diversidade, mas fazendo prevalecer as básicas regras de funcionamento da nossa sociedade.
Sérgio Chaves