Cultura

Almada Negreiros em exposição no Centro de Arte

A galeria do Centro de Arte de Ovar inaugura esta sexta-feira a exposição “Desenhos de Par e Ímpar”, que dá a conhecer obras sobre o corpo humano assinadas por Almada Negreiros (1893-1970) no período entre 1919 e 1963.

Resultando de uma parceria entre a autarquia e o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, a mostra está patente ao público até 25 de abril e tem curadoria de Ana de Vasconcelos, que a considera reveladora de um “desenhador virtuoso” e de “extraordinária versatilidade”.

“Em ‘Desenhos de Par e Ímpar’ encontramos o Almada Negreiros desenhador virtuoso que, ao longo de quase cinco décadas, enuncia algumas das possibilidades plásticas da representação do corpo humano, através de uma extraordinária versatilidade de registo e de observação”, defende a curadora da mostra.

“Este conjunto de desenhos apresenta uma parte do léxico almadiano sobre o corpo humano, na sua representação individual – ímpar – e na sua representação mínima coletiva – isto é, par”, acrescenta.

Ana de Vasconcelos realça que algumas das obras disponíveis em Ovar revelam um “apurado sentido gráfico da representação da dança, do registo necessariamente suspenso do movimento”. Almada entenderia o movimento “de uma forma íntima”, como que “por dentro do corpo, numa notação de ginasta e bailarino”.

Pela galeria do Centro de Arte de Ovar desfilam assim corpos “vigorosos, ágeis, libertos”, de ginastas, bailarinos e artistas de circo como saltimbancos, malabaristas e trapezistas.

Nessas obras podem encontrar-se referências aos Ballets Russes, que passaram por Lisboa em 1917, e às experiências mais diretas de Almada Negreiros com a dança, entre 1918 e o seu regresso de Madrid, em 1932.

Representações de Pierrot e Arlequim também pontuam a mostra, já que, à semelhança de Picasso, o artista português também se revela seduzido por personagens que, segundo Ana de Vasconcelos, “sabe coexistirem” em cada indivíduo.

Nos desenhos expostos em Ovar descobrem-se ainda o próprio Almada Negreiros e a esposa, Sarah Affonso, que materializam num duplo retrato a essência da componente do “par”. Essa evidencia-se também entre os traços de um marinheiro e a sua garçonne de cabelo curto, e até entre dois corpos que, sentados a ler à mesma mesa, não partilham do toque, mas ainda assim constituem um “par de ímpares”.

A exposição “Desenhos de Par e Ímpar” está patente até 25 abril entre as 10:00 e as 18:00 de segunda a sexta-feira e com idêntico horário aos sábados, embora nesse dia com interrupção no período de almoço, entre as 13:30 e as 14:30. (Lusa)

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