
Chegou ao conhecimento da Câmara Municipal da Murtosa que, na reportagem “A praia que desapareceu”, emitida pelo canal de televisão SIC no passado sábado, dia 7 de junho de 2025, referindo-se aos trabalhos de reabilitação da praia do Furadouro, no concelho de Ovar, foi referenciada pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a existência, em frente à praia da Torreira, de 14 milhões de metros cúbicos de areia que seriam retirados para serem colocados na frente do Furadouro, no âmbito da operação de mitigação da erosão costeira naquela praia.
A declaração suscitou um elevado número de reações, por parte dos cidadãos daquele concelho que, pelas redes sociais e em comunicações dirigidas à Câmara Municipal, vieram questionar a natureza da intervenção, interpretando da notícia que seria intenção da Agência Portuguesa do Ambiente retirar areia da frente de praia da Torreira para recarga da frente de praia do Furadouro.
O Município da Murtosa solicitou, de imediato, esclarecimentos à Agência Portuguesa do Ambiente, pedindo a “completa clarificação oficial”, por parte daquela identidade, das caraterísticas técnicas da intervenção, referenciada na reportagem suprarreferida.
Dos esclarecimentos prestados ao Município da Murtosa pelo Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, pode-se concluir que:
– A APA planeia realizar uma operação de mitigação da erosão costeira na praia do Furadouro, através da colocação de sedimentos, que serão extraídos de uma mancha de areia, localizada no mar alto, a 6 km de distância da praia da Torreira, a uma profundidade de 25 a 30 metros, não envolvendo, por isso, qualquer retirada de areia da praia da Torreira;
– A APA garante que a retirada de sedimentos “offshore”, na mancha de areia, em causa, não terá impactos na faixa costeira e na linha de costa da Torreira, na medida em que os sedimentos a extrair se situam a uma profundidade elevada (25 a 30 metros), quando comparadas com a profundidade a partir da qual se considera que o transporte natural de sedimentos submersos, para a linha de costa, pelas correntes e ondulação, deixa de acontecer (10 metros de profundidade). Ou seja, os sedimentos existentes em profundidades até aos 10 metros podem ser naturalmente movimentados, pela ondulação e pelas correntes, para a linha de costa, alimentando a praia, deixando a deriva natural de acontecer a partir dessa profundidade.
O Município da Murtosa “acompanhará e monitorizará, naturalmente, os procedimentos técnicos a realizar pela Agência Portuguesa do Ambiente no âmbito deste projeto”.