Opinião

Bem-vindo de volta, camarada São Braz! – Por Pedro Nuno

Dizem, por aí, que Roma é a cidade eterna, Nova Iorque a cidade que nunca dorme ou Paris a urbe das luzes e do amor. Quem o diz, afirma-o com relativa razão, mas esquecem-se que Santa Joana – a freguesia aveirense de Santa Joana -, consegue unir para si todas essas (e outras) características que fazem com que a megalomania grotesca das referidas metrópoles trema de inveja e de ciúmes foleiros. Acontece este fim-de-semana, no epicentro da Via Láctea por uns dias, com as “Festas de São Braz”, na sempre charmosa Quinta do Gato, Santa Joana, Aveiro.

É em torno da capela que ostenta o nome do padroeiro da festa que o povo se concentra. De copos de cerveja, vinho, Moscatel e aguardente na mão, as almas famintas pela diversão que Braz proporciona às massas juntam-se em amena cavaqueira, aqui e acolá. Os sinos tocam a rebate! Centenas de rebuçados mentolados são arremessados em simultâneo do cume da capela! São Braz e São Gonçalinho, temporariamente no purgatório de todos nós, deliciam-se com o espectáculo. Os catraios, no largo de frente para a capela, batalham entre si para apanharem o maior número de rebuçados possível. Ali ao lado, no restaurante São Braz – uma espécie de Meca das festividades inerentes – o corrupio é notório: sai-se, entra-se, vai-se à casa de banho, vai-se buscar bebidas; o chão cola, os abraços e as beijocas acontecem e a festa também.

A mordomia mostra-se imparável na dedicação! Os espectáculos musicais são alimentados pelo seu entusiasmo e noites mal dormidas! Os cantores são escolhidos a rigor (perante a severidade orçamental da “coisa”), como o folclore deste tipo de festas o exige. Os DJ`s são daqui, de Aveiro, e levam a diversão madrugada dentro, sem limite de horário. As “gatas” e “gatos” da Quinta local dançam e rejubilam entre si. Falam de coisas aleatórias, mergulhados em conversas sem muito sentido, mas com alma, muita alma. São Braz mostrar-se-á orgulhoso com tamanha dedicação e jubilo: “O Braz tá parvo! Tá irrequieto como uma criança de cinco ou seis anos e não se cala! Parece que mandou ácidos ou assim! Enfim, é a semana dele!”, disse-me, há pouco, São Gonçalinho, via WhatsApp. A sério, a sério.

Pedro Nuno Marques (Aveiro)

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