Câmara esclarece “O Mistério de Ovar – O custo do Hospital é secreto. E só teve 5 doentes”
A Câmara Municipal de Ovar remeteu hoje um esclarecimento para a revista Sábado sobre a notícia “O Mistério de Ovar – O custo do Hospital é secreto. E só teve 5 doentes” (ver em baixo), por considerar que a mesma é repleta de inverdades e falsas afirmações.
Sobre o Hospital Anjo d’Ovar, diz o Município, “importa esclarecer que o mesmo surge da articulação entre a autarquia, o Ministério da Saúde, o Hospital de Ovar e a Autoridade de Saúde Local, com o propósito de dar resposta às necessidades previstas de acolhimento de doentes COVID 19, ampliando assim a capacidade do Hospital de Ovar que contava, à data, com 21 camas COVID”.
A opção pela Arena de Ovar (requisitada à Associação Desportiva Ovarense, sem qualquer custo de cedência do espaço), exemplo que veio a ser seguido por outros municípios, nomeadamente no Porto, no Pavilhão Rosa Mota, mostrou-se a mais adequada atentas as especificidades técnicas dos espaços hospitalares COVID, nomeadamente na definição concreta de circuitos e zonas de estada para pessoas infectadas e não infectadas, para pessoal médico, de enfermagem e auxiliar e respectivos serviços de apoio (farmácia, área alimentar, rouparia, depósito de resíduos hospitalares e não hospitalares, armazém de produtos, morgue e zona técnica) bem como a sua proximidade ao Hospital de Ovar.
Este Hospital, apesar de ter instaladas 38 camas (28 das quais com sistema articulado), pode, no muito curto prazo, e dada a dimensão do espaço, se for necessário, mais do que duplicar a sua capacidade em número de camas.
Até à data, os custos da estrutura criada, e assumida pela Câmara de Ovar, prendem-se com equipamentos hospitalares que tiveram que ser adquiridos, e que teriam sempre de o ser independentemente do espaço que viesse a ser escolhido para esta unidade Hospitalar, nomeadamente camas articuladas (incluindo colchões, roupa de cama), monitores de sinais vitais, rede de oxigénio, carros de enfermagem e outros, para além dos EPI – Equipamentos de Protecção Individual, pessoal auxiliar e consumos energéticos.
Não estando ainda apurados todos os custos que serão suportados pela Câmara Municipal de Ovar, nomeadamente, os de funcionamento, até porque dependerá do período de funcionamento, mas que se estima poder ser, no mínimo até 31 de julho, até à data estão investidos cerca de 100 mil euros com a seguinte repartição: 37% Equipamentos Médico/Hospitalares, 24% EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual, 15% Pessoal Auxiliar (Assistentes Operacionais); 14% materiais e equipamentos diversos e 10% em diversos incluído alimentação e Serviços de Higiene e Limpeza.
Este Hospital, que recebeu o primeiro doente COVID com necessidade de internamento hospitalar a 13 de abril, está sob a gestão do Hospital Francisco Zagalo e a sua ocupação (hoje conta já com 11 doentes) foi gradual, à medida das necessidades de internamento, e da capacidade de constituição e formação das equipas (médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar) para trabalharem com doentes COVID (lembra-se que o funcionamento é de 24H/dia, todos os dias da semana, em ambiente viral).
Aliás, no dia da sua entrada em funcionamento, a directora clínica, Júlia Oliveira, explicou publicamente que o Hospital Anjo d’Ovar iria passar por, pelo menos 4 fases: “avançámos para fase 0, seguir-se-á uma fase 1 com 10 doentes, uma fase 2 com 20 doentes e uma fase 3 com 38 doentes.”
A Câmara Municipal de Ovar não recusou a oferta da Diocese do Porto, de disponibilização da Casa de São Paulo, em Cortegaça. Aliás, foi com muito agrado que a registámos e a mantemos no nosso Plano. Na verdade, para além do Hospital de Campanha (Hospital Anjo D`Ovar), criámos também uma estrutura, não hospitalar, de apoio à recuperação de pessoas com a COVID 19, com autonomia motora e funcional, na Pousada da Juventude de Ovar (da propriedade da Movijovem – Mobilidade Juvenil – Cooperativa de Interesse Público de Responsabilidade Limitada), mas sem capacidade de recuperação no respetivo domicílio por falta de condições socioecónomicas. Esta estrutura, será complementada, se necessário, com a Casa de São Paulo.
Sobre os testes COVID, estes foram, desde a primeira hora, um objectivo perseguido pela Câmara Municipal, tendo-se realizado, até à data, cerca de 3 500 testes (cerca de 6,4% da nossa população). Os laboratórios a que recorremos foram vários, entre privados e públicos. Relativamente aos laboratórios privados a que recorremos e que deram a resposta inicial mais imediata, foram os laboratório, Medicina Laboratorial Dr. Carlos da Silva Torres, SA (127 testes, com custo total de 12 700 euros), O Labeto – C. de Análises Bioquimicas, SA ( 141 testes, com um custo total de 13 395 euros) e Laboratórios Dr. Joaquim Chaves ( 223 testes, aguarda-se emissão de fatura). Relativamente a entidades públicas, receberam testes de Ovar, o INSA – Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, a ULS da Guarda, o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, o Centro Hospitalar do Baixo Vouga e o Hospital de São João – Porto. Relativamente aos testes efetuados em laboratório privados, temos o compromisso da ARSC de que assumirá os respetivos custos.
De recordar que, como é do conhecimento geral, por despacho do Senhor Primeiro-Ministro e do Ministro da Administração Interna (Despacho n.º 3372-C/2020 de 17 de março) foi reconhecida a necessidade de declaração da situação de calamidade no Município de Ovar. Em 19 de março, pela resolução do Conselho de Ministros 10-D/2020, foi declarada a situação de calamidade, a vigorar até 2 de abril. Posteriormente confirmando-se necessidade de manutenção da cerca sanitária ao Município, a Presidência do Conselho de Ministros, em 2 de abril de 2020, através da sua resolução n.º 18-B/2020, prorrogou os efeitos da declaração de situação de calamidade no Município de Ovar, mantendo as medidas restritivas anteriormente definidas e até 17 de abril de 2020. Desde pelo menos 16 de março 2020, e atenta a gravidade da situação epidemiológica no município, único no país em “cerca sanitária”, o combate à Pandemia COVID 19 passou a ser o desiderato principal e único da ação do órgão executivo municipal, sobretudo na organização de estruturas de socorro, tendo sido mobilizados, desde logo, e para integrarem o Gabinete de Crise, presidido pelo Senhor Presidente da Câmara, entre outros, Vereadores, colaboradores da CMO, Juntas de Freguesia do Município de Ovar, Comandante do Aeródromo de Manobras n.º 1 – Força Aérea Portuguesa, Bombeiros Voluntários de Esmoriz e Ovar, PSP, GNR, ASAE, Autoridade de Saúde Local, ACES Baixo Vouga, Centro de Saúde de Ovar- Apoio Social, Hospital de Ovar, INEM, Cruz Vermelha – Núcleo de Ovar e Segurança Social.
Assim, todas as medidas implementadas, desde o dia 16 de março, no Município de Ovar, foram objecto de discussão neste Gabinete de Crise que, numa primeira fase realizava dois briefings diários e, numa segunda fase, um briefing diário, e ao qual compareceu, apenas uma vez, um dos vereadores do PS. Não obstante, todas as medidas implementadas e a implementar (o nosso trabalho no âmbito do COVID-19 está longe de estar concluído), serão obviamente objeto de apreciação na próxima reunião do executivo.
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