Carla Madureira reclama defesa da costa no próximo quadro comunitário de apoio
A deputada do PSD Carla Madureira exortou esta segunda-feira o governo a lutar contra a
erosão costeira no concelho de Ovar, aproveitando o próximo quadro comunitário de apoio.
Numa audição ao ministro do Ambiente, a parlamentar social democrata recordou que a cada
inverno as populações vivem com “coração nas mãos”.
“Há uma semana, as águas do mar já se passearam livremente pelos arruamentos da marginal
e adjacentes na praia do Furadouro” – vincou Carla Madureira na sua interpelação ao ministro,
notando que “o avanço do mar neste local tem causado, anualmente, avultados prejuízos em
propriedade privada e no espaço público”.
Recordando que “ainda não chegamos ao inverno e, no concelho de Ovar, a população já vive
com o coração nas mãos”, Carla Madureira sublinhou que “a defesa da costa é um desafio
estratégico que a todos deve mobilizar”, exortando o governo “a agir, e muito rapidamente”.
“As futuras gerações não nos perdoariam a inação que, inexoravelmente, culminaria com a
deslocalização de pessoas e bens” – atirou Carla Madureira, vincando que “o próximo quadro
comunitário de apoio e o fundo europeu de recuperação são oportunidades soberanas e,
provavelmente derradeiras, para financiar operações de fundo de proteção da nossa costa”.
Carla Madureira citou o Programa de Monitorização das Faixas Costeiras de Portugal
Continental, coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente, segundo o qual a faixa costeira
entre Cortegaça e Torrão do Lameiro, em Ovar, Esposende e Figueira da Foz, foram as três
extensões de areal mais afetadas pelo problema da erosão nos últimos dois anos.
“Com as operações de alimentação artificial de areias realizadas nos últimos anos, outras zonas
historicamente problemáticas como São Jacinto-Mira, também no distrito de Aveiro, e as praias
da Caparica na Área Metropolitana de Lisboa, estabilizaram ou cresceram” – notou a deputada
aveirense, sublinhando que nos 13 quilómetros que se estendem entre Cortegaça e o Torrão do
Lameiro, o recuo médio anual da linha de costa foi de cerca de três metros, mas, em Maceda, o
mar engoliu quase 30 metros de areal.
A parlamentar do PSD aludiu ao Orçamento do Estado para 2021, que promete “um reforço da
resiliência dos sistemas costeiros”, para levar o ministro a responder que investimentos
concretos estão previstos nas praias do Município de Ovar, “tratando-se de um dos troços mais
sensíveis dos 900 quilómetros de costa”.
Por outro lado, Carla Madureira questionou o governante sobre se o quebra-mar destacado
previsto para o Furadouro já tem financiamento garantido, assim como os demais equacionados
para Cortegaça e Vagueira, e se está planeada alguma intervenção na praia de Maceda, onde o
avanço do mar poderá ameaçar uma antiga lixeira entretanto selada.
Recorde-se que no caso de Ovar, a estratégia passa pela alimentação artificial de areias,
conjugada com uma solução, pioneira no nosso país, de construção de quebra mares
destacados e submersos, de forma a aumentar a capacidade de retenção de inertes e reduzir a
capacidade energética da ondulação, sem colocar em causa o valor estético, económico e
recreativo destas praias.