Opinião

Quanto mede em nanómetros? – Por Ivone Fachada

Pense por momentos, no valor da sua altura. Eu, por exemplo, meço 1 metro e 58 centímetros. Poderá achar que sou uma pessoa baixinha, mas se lhe disser que meço 1 580 000 000 de nanómetros, se calhar muda de opinião! Para a maior parte de nós, é muito difícil compreender como o mundo à nanoescala é diferente daquele que estamos habituados a conviver à escala macroscópica, ou seja, acima de 1 milímetro.

Ficam alguns exemplos: o cabelo humano tem entre 50 000 e 100 000 nanómetros de espessura. Um glóbulo vermelho tem cerca de 7 000 nanómetros de diâmetro. As nossas unhas crescem um nanómetro por segundo! Não vale a pena olhar para as suas unhas, o olho humano não consegue distinguir objetos menores que 10 micrómetros. No entanto, se pensarmos em átomos e vírus, estes têm dimensões muito menores. A unidade mais conveniente para os medir é, então, o nanómetro, isto é um milésimo do milionésimo do metro.

A ciência consegue manipular e investigar estes objetos, apesar de serem muito pequenos, através de instrumentos e ferramentas especiais. Por exemplo, os microscópios de varrimento de sonda, são capazes de investigar muitas propriedades de nanosuperfícies e criar imagens do nanomundo. E agora, o caro ouvinte perguntar-se-á: mas para que é que isto serve? Pois bem, as nanotecnologias podem ser aplicadas em muitos campos. Por exemplo, na saúde, onde as nanopartículas podem ser utilizadas para transportar medicamentos, identificando especificamente os tecidos doentes, tais como células cancerosas.

Ou ainda no Ambiente, onde as nanopartículas podem ser usadas como filtros para descontaminar solo ou água poluídos. Os nanotubos de carbono, já utilizados nos Desportos como o ténis ou a vela, são outras das aplicações interessantes em ciência dos materiais. Um nanotubo de carbono é 100 vezes mais resistente do que o aço e 6 vezes mais leve. De facto, à nanoescala, muitos materiais comuns exibem propriedades físicas e químicas pouco vulgares, dependendo das suas dimensões. Por exemplo, nanopartículas de prata e ouro, têm diferentes cores, dependendo do seu tamanho e forma. Estas propriedades foram usadas na Idade Média pelos fabricantes de vitrais. Estes artesãos utilizavam nanotecnologia sem o saber!

Ivone Fachada

Diretora Executiva do Centro Ciência Viva de Bragança. Frequenta o doutoramento da Universidade de Salamanca “Formacíon en la sociedade del conocimiento”. Pós-graduação em História da Ciência e Educação em Ciências pela Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra (frequência de um doutoramento interdisciplinar). Mestre em Gestão e Conservação da Natureza pela Universidade dos Açores. Licenciada em Engenharia Florestal pelo Instituto Politécnico de Bragança. Membro da ScicomPt – National Science Communicators Network, fazendo parte da Direcção desta Associação entre outubro de 2017 e maio de 2020. Formadora de professores, credenciada pelo Conselho Científico e Pedagógico de Educação Continuada nos domínios: “A64- Ciências Ambientais” e “D08 – Educação Ambiental”. Autor ou co-autor de mais de trinta artigos em jornais, conferências e capítulos de livros.

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