Primeira VistaSaúde

«Tratar da saúde mental é muito importante”

Abriu, em Ovar, a Clínica Dr. Celso Oliveira

Depois de mais de quatro décadas ao serviço da saúde mental dos portugueses em diversas partes do país e em várias clínicas, Celso Oliveira inaugurou uma Clínica em nome próprio na cidade de Ovar. Um projecto há muito ansiado mas que só agora conheceu a oportunidade certa para nascer e crescer.

– Após mais de 45 anos ao serviço da psicologia e psicoterapia, porquê Ovar só agora?
O meu primeiro trabalho em psicoterapia foi na junta de freguesia de São Nicolau, na ribeira do Porto, com toxicodependentes e filhos de prostitutas, um projecto da Câmara Municipal do Porto, em 1975, estava eu a acabar a faculdade. Depois disso, combinei o ensino com a medicina. Aliás, costumamos dizer que o nosso objectivo é ensinar às pessoas que aprendam a fazer sozinhas aquilo que achamos que é o melhor para elas. As nossas consultas pretendem ser sempre as últimas. Mas eu já comecei em Ovar, na Clínica Filhote há mais de 20 anos.

– Mas então porquê só agora em nome próprio?
Eu tento manter-me sempre fiel às amizades o mais possível. E, por vezes, perco com isso. Trabalhei muito tempo na Clínica Filhote e nunca quis fazer concorrência. Mas começaram a aparecer muitas pessoas de todo o lado – porque vêm cá pessoas de Badajoz, Chaves, de todo o país – e começamos a ter muita procura. A minha filha é que me desafiou a abrir cá um espaço. E a ideia até era para ser ela a gerir mas, entretanto, as coisas mudaram. Eu sempre disse que não queria fazer concorrência à Filhote e queria aumentar o preço das consultas para isso não acontecer. No fundo, não quero que me acusem de concorrência desleal.

– Há quem chame a este tipo de problemas de doenças do século. Concorda?
Aqui em Ovar já estamos perto das 90 consultas por mês. Há quem diga que é a depressão, a ansiedade e eu acho que a doença do século tem a ver com o facto das pessoas terem começado a perguntar porque é que estão doentes em vez de para quê. As questões da saúde mental são muito importantes. Se bem que 60 ou 70 por cento das pessoas que cá vêm apresentam problemas de relacionamento, de marido e mulher, pais e filhos, namorados, coisas complicadas das relações interpessoais.

– Que valências podemos encontrar na Clínica Dr. Celso Oliveira?
Temos a psicologia clínica, embora tenha quatro especialidades reconhecidas pela Ordem, de saúde, escolar ou vocacional, neuropsicologia e necessidades educativas especiais, área referência e na qual sou mais conhecido por ser a minha especialidade. Novidade é o tratamento EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing ou, em português, Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares), uma terapia que, como costumo dizer, trata do hardware, desbloqueia memórias reprimidas desde tempos de criança e das memórias transgeracionais, que passam de geração em geração através de mecanismo que não estão ainda bem estudados. É considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das principais abordagens para tratar de traumas, stress pós-traumático, casos mais elevados e duros de ansiedade, como bipolaridades ou até POC – Perturbações Obsessivas Compulsivas, mas também existem protocolos EMDR para tratar de lutos, ansiedades, etc. Com os dois níveis só eu tenho em Ovar. Temos hipnose clínica na qual que me especializei com mais de 2 mil horas de formação. Seguramente, terei 300 cursos nas várias áreas da hipnose clínica que valorizamos na terapia, entre muitas outras. A pessoa, muitas vezes, sai daqui aliviada e nem sequer sabe o que aconteceu.

– Qual é que pode dizer-se que é a sua marca?
Nós aqui usamos aquilo que designamos de Psicoterapia Integrativa com ou sem Hipnose. Usamos uma espécie de “Tool Box”, uma caixa de ferramentas diversificada, gostamos de fazer terapia como quem toca Jazz, em vez de tocar música clássica. Não começamos pela primeira nota da partitura e vamos até ao fim. Nós, se estivermos a tocar uma música e o cliente nos devolver uma reacção, tal como acontece no Jazz, fazemos um improviso controlado e mudamos a ferramenta. Sabemos que o corpo é dirigido pelo cérebro, intestinos e coração, órgãos que possuem neurónios.
Nesta “Tool Box”, procuramos levar o lado não-consciente (como prefiro chamá-lo) a fazer a coisa certa com o lado consciente ligado, o que não sucede quando estamos a dormir, em vez de se focar no que é errado. Na prática, começamos a perceber que todas as dificuldades que a pessoa apresenta é ela propria que as gera, mas é dentro dela que vamos encontrar os recursos para a solução. Também temos outra novidade: a banda gástrica virtual. Sou um dos quatro terapeutas a fazê-la em Portugal em casos de perturbações do foro alimentar. Ajudamos as pessoas a emagrecer mas não no sentido clássico, ou seja, sem fazer a operação.

– Qual pode ser a duração de uma consulta?
As nossas sessões têm no mínimo, 90 minutos, porque se for menos não conseguimos começar a encontrar o caminho da solução. Às vezes, com 60 minutos, estamos a chegar lá, mas acabou a hora e venha cá para semana… Não pode ser.

– Em função dos resultados obtidos, pode dizer-se que a consulta nunca é cara?
Uma consulta destas não é cara, o valor base de 70 Euros por 90 minutos não é caro. Os dentistas levam muito mais dinheiro neste espaço de tempo. Mas mesmo assim, as consultas feitas pela psicóloga Rita Freitas custam só 50 euros e temos ainda uma forte componente social, que não cobra nada a certas pessoas indicadas pelas instituições com as quais temos protocolos assinados nesse sentido. Abrimos também um programa à quarta-feira, em que damos uma primeira consulta gratuita. As pessoas sem dinheiro têm de se inscrever para se vincularem. Porque se não pagarem por pouco que seja, as pessoas não levam a sério as sugestões que lhe damos em tratamento. Àquelas pessoas que precisam de um tratamento mais continuado, levamos mais barato, às 35 Euros por semana, por exemplo, entre outras facilidades.

– Encara esta profissão como uma espécie de missão?
Sim, é um pouco isso. Além da ideia de magistério, ensinar ou usar as ferramentas de tratamento que cada um tem. É uma missão e propomos a todos os clientes, na primeira conversa, três caminhos para encontrar solução para a dificuldade que têm, seja ela qual for: O egoísmo, o perdão e aceitar aquilo que não podemos mudar. Ajudamos as pessoas a colocarem umas lentes diferentes para olharem para a mesma realidade, sem sofrer com isso. Como alguém disse: A dor é inevitável mas o sofrimento é uma opção pessoal.

– Estas terapias têm ou não uma medida definida?
A medida prática é a pessoa sentir-se bem e depois recomendar. 95 a 100 por cento das consultas vêm recomendadas por outras e a maioria chega-nos assim. É a melhor forma de medir. Houve uma altura em que fazia um questionário em que a pessoa avalia, de zero a dez, mas isso era possível quando fazia oito a dez consultas, em média.

– Como se faz para marcar uma consulta?
O ideal é marcar uma hora, mas também atendemos urgências. A regra é termos os dias cheios. Ligam para a Clínica (221 123 936 ou 910 753 167), ou contactam a página do Facebook, ou a nossa página da Internet. Às vezes, aparecem aqui (Largo Serpa Pinto, nº 18), em emergência, depois da hora e nós atendemos. Já atendi pessoas com intenções suicidas de madrugada. Aliás, já registamos uma marca com ideia de fazermos psicologia ao domicílio e o objectivo é termos, a breve prazo, uma equipa que possa ir a casa das pessoas.

Rita Freitas: “Experiência acima das expectativas”

A realizar estágio profissional na Clínica Dr. Celso Oliveira, em Ovar, Rita Freitas garante que a experiência está a superar as suas expectativas. “Saímos da Faculdade formados e formatados e é preciso fazer ajustes para ser profissionais únicos e diferentes dos outros”. “A minha vertente de aprendizagem é puramente cognitivo-comportamental e com o Dr. Celso estou a adquirir o conhecimento da hipnose, EMDR, esse tipo de ferramentas de trabalho no contexto de consulta”.
A psicóloga Rita Freitas garante que está a “ter contacto com técnicas que só ouvia falar. Esta hipnose não é a hipnose de palco, é uma hipnose muito diferente, uma ferramenta utilizada que permite desbloquear e tratar a causa de um problema”.
Por outro lado, Rita Freitas mostra-se “muito surpreendida com a procura que as consultas do Dr. Celso têm e isso também me dá oportunidade de crescer enquanto profissional”.

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