Covid-19

Apneia (no Museu de Ovar)

Nem sei bem por onde começar.
Talvez por duas palavras que não têm de ser difíceis. Como as pessoas que elas servirão.

Exitância e Eutimia.
Exitância é radiância. Eutimia é tranquilidade, serenidade.

Então por onde começo?
Pela exitância dos olhos da Elisabeth Leite? Pela eutimia do sorriso da Helena Dias? Pela forma como ambas – e vamos ver se consigo escrever isto de uma forma que esteja à altura de ambas – formam uma expressão e um sentido único que anda entre a beleza e a arte puras? Não preciso de ir muito mais longe: entrei ontem pouco depois das seis e meia da tarde no Museu de Ovar, e a nossa tertúlia só começaria três horas depois.  

E as pintoras, que tinham inaugurado aquela exposição pelas quatro, cercaram-nos com a sua arte e a maravilhosa história que as une. Talvez possam dizer que a beleza pessoal pode até contender com a arte. Talvez eu devesse escrever coisas mais pequenas, e afinal falar das pinceladas das duas grandes artistas, nada mais. 

Mas se alguém o disser, é porque não viu os olhos da Elisabeth ou o sorriso da Helena, aliás vinte anos mais nova do que pretende. E sobre a história pessoal das duas nada vou dizer, por pudor e respeito, mas é verdade que há pedaços de vida tão preciosos que apetece recebê-los com a grandeza que têm. E trabalhá-los como se trabalha o barro. 

A literatura pode devassar o lado de dentro das pessoas, mas, caramba, não há violência maior do que ter de gerir um arrebatamento com este repente.

Por Pedro Guilherme-Moreira (Ler mais)  

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