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Cronologia de um dia no “velhinho” São Paio – Por Pedro Nuno

 

8h30 – No camping, um toino qualquer grita “alvoradaaaaa!” e acorda o povo;

8h39 – O toino continua a berrar “alvoradaaaaa!”, como se a sua vida dependesse disso;



 

9h – O sol aperta, a tenda aquece e és obrigado a levantar-te, meio ébrio, meio ressacado;

9h30 – Pequeno-almoço composto por dois queques, uma mini quente e um cigarro;

10h – Café, casa-de-banho e papel higiénico como um bem precioso;

10h30 – 13h – Minis, cigarros, cheetos e conversas aleatórios sobre pessoas com quem eventualmente dormiram no São Paio do passado ano;

13h – Almoça-se um hambúrguer “com tudo”. Um shot colorido. Segundo café. 8º cigarro do dia;

14h30 – Passeio entre amigos na avenida das tendinhas e roulottes. Óculos, camisolas e sapatilhas são regateadas. Tatuagens provisórias são feitas. Cruzam-se culturas e costumes de terras e povoados distantes entre si, como Ovar, Estarreja, Espinho, Ol. Azeméis ou Aveiro. Criam-se amizades ou algo mais: uma miúda de Esmoriz interessa-se por um rapaz dos arrabaldes de Aveiro. A “coisa” promete;

17h – Vegeta-se aqui e acolá. Os temas tornam-se cada vez mais aleatórios;

18h- Compra-se gelo para noite. O Tarrafal, lendário enclave no camping da Torreira, torna-se selvagem e os estilos musicais diferem de tenda para tenda. A anarquia instala-se;

19h15 – Primeiro beijo entre a rapariga de Esmoriz e o jovem de Aveiro, que usou tanta língua que quase sufocou a miúda;

21h – Janta-se o que houver: sandes, bolachas e por aí fora;

22h30 – Em honra a São Paio, simpático menino galego nascido no século X, metade daquela gente caminha para mais uma noite de alegres excessos;

23h20 – “É São Paio e não Sampaio, ora bolas!”, alguém, e bem, afirma;

1h – Munidos de garrafas de plástico com pitorescas misturas no seu interior, grupos de jovens rumam ao areal em busca do paraíso do deslumbramento. Pulam, dançam e tombam no areal frio da geada;

2h30 – O jovem dos arrabaldes de Aveiro usa cada vez mais língua e a miúda de Esmoriz troca-o, sem dó, por um moço de Fermentelos. Tudo ao som de Buraka Som Sistema;

6h – Em piloto automático, centenas de jovens regressam ao camping para, daqui a pouco, o toino da praxe berrar “alvoradaaaaa!”.

Com juízo, ou não, divirtam-se!

Pedro Nuno Marques

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