[Dia 46 . 30/Ago] 15 mil Km e 18 países depois
Durante dias esta imagem foi o cenário algo desolador da viagem: o carro bloqueado na fronteira. Como sabem fizemos um enorme esforço por angariar fundos e para a compra dos dispositivos médicos que transportamos. Se bem que é verdade que esta viagem também teve muito de aventura e enriquecimento pessoal, também é verdade que o transporte das sete caixas de material médico foi um esforço considerável (falta de espaço no jeep, atrasos para revista e muita papelada nas fronteiras).
Fizemos 15.000Km, atravessámos 18 países e 27 postos fronteiriços, serras, rios, desertos, o Cáspio, andámos por estradas boas e más, estradões e caminhos de montanha. Até chegar à Mongólia tínhamos tido muitos problemas mas tínhamos superado tudo com esforço e criatividade: imprevistos, problemas mecânicos, prazos dos vistos, burocracias.
İronia do destino, o 28o e último posto fronteiriço foi precisamente o que nos criou os mais difíceis problemas: o da Mongólia. Apesar dos esforços atempados da Cruz Vermelha da Mongólia para isentar o carro de imposto de importação (uma vez que o carro iria ser doado e não vendido) as autoridades mongóis negaram a isenção deste imposto que vale nada mais nada menos que uns absurdos 6000 dólares (13,6 milhões de tugrugs). Isso mesmo: 6000 dólares para doar o carro. É claro que não vamos pagar essa quantia para doar um carro. A alternativa é fazê-lo sair do país. A pior parte é que mesmo assegurando à aduana que o carro volta a sair, esta exige o pagamento desta quantia como depósito (!), como garantia de que não o doamos/vendemos cá. Caso a Cruz Vermelha não consiga entretanto a isenção de imposto, o carro vai ter mesmo de sair, contrário perderemos o depósito de 6000USD. Logo veremos que destino lhe daremos.
A cidade mais próxima da fronteira, Bayan-Olgyi, ficava a 100Km e foi uma autêntica odisseia para conseguir levantar esse valor, uma vez que apenas um banco aceita Visa e tem limite de levantamento diário (levaríamos duas semanas para levantar tudo…), para não falar de mil entraves e dificuldades de todos os tipos que possam imaginar.
Luís Rodrigues e Miguel Jeri a caminho da Mongólia