Cantar os Reis é “a melhor tradição em Ovar”
A tradição de Cantar os Reis, em Ovar, continua de pedra e cal, a combinar com as noites frias que, apesar de todas as mudanças, voltam sempre nesta altura do ano.
O convívio reacende-se pela vontade de receber os amigos a cantar belas poesias de fraternidade e paz, boa disposição, em molduras musicais escritas por novos e antigos reiseiros.
Este ano, fomos a vários “palcos” ouvir os que as troupes vareiras de 2024 tinham para nos dizer nas suas trovas e se houvesse um campeonato, uma delas seria provavelmente eleita a favorita. A Troupe “Tradição e Juventude” é, invariavelmente, das mais esperadas em cada casa, em cada instituição, e no final, se houvesse um “intensiómetro”, é das mais aplaudidas.
Melodias simples, mensagens fortes, belas composições, vozes e harmonias bem feitas. Muito bem pensadas, melhor ensaiadas. Este ano, a despedida foi assim: “O cantar os Reis é a melhor tradição/A melhor tradição/Em Ovar!” Mais simples era difícil. Uma mensagem bem servida numa melodia que bebeu inspiração e ‘vibes’ de uns Beach Boys, talvez. E, na verdade, esta troupe é formada por “rapazes da Praia” (do Furadouro, muitos deles). Se bem que praia é coisa que, neste momento, há cada vez menos.
Bastante apelativa ao público surgiu também, este ano, a Troupe de Reis da Boa União. Além de um acompanhamento instrumental mais moderno, a Despedida não teve qualquer problema em colar-se a um êxito de Pedro Máfama: “Olarilolei, Olarilolai/Cantar os Reis sabe tão bem/ “Olarilolei, Olarilolai/ A Boa União sabe tão bem”/.
Depois há as harmonias servidas por grandes vozes masculinas. Das clássicas e sempre fiéis ao formato tradicional, estiveram ao seu nível a AD Ovarense, JOC/LOC e Orfeão de Ovar (com coreografias divertidas) – destaque para esta última que, na Mensagem, aborda a situação do globo, apelando “Um mundo muito, muito melhor/ sem ódios, nem guerras e sim/de Pão e Paz, Justiça e Amor”. Letra de Manuel Ramos Costa, recentemente falecido e homenageado pela Troupe do Orfeão.
A JOC/LOC, por seu lado, prestou tributo a Manuel Duarte, reiseiro que emprestou o seu saber a um Bandolim da troupe durante 56 anos.
Muito boa nota para as troupes que vieram de Válega, São João, Arada e Esmoriz, demonstrando que o concelho se une MESMO a Cantar os Reis.
Em Ovar, é dinâmica a tradição que mais uma vez se cumpre, assumindo contornos muito únicos que lhe valeram a distinção de Património Cultural Imaterial de Portugal. A festa segue dentro de momentos com o Encontro das Troupes Adultas.
Fotos: CMO, AEO e UFO