
O nosso País tem sido fértil em casos e casinhos, tivemos o conhecido o megaprocesso de corrupção autárquica Tutti-Frutti em que estão acusadas 60 pessoas, sendo muitas com ligações a partidos políticos e alguns autarcas da zona de Lisboa.
Mais uma vez, assistimos a esta podridão reinante nos meandros da política e vemos a justiça a fazer algum trabalho, só que Portugal não se resume a Lisboa!
Temos espalhados pelo País imensos casos semelhantes ou mais graves que carecem de ser investigados, a corrupção pulula por muitas autarquias, tal e qual os jobs para os boys dos partidos e das juventudes partidárias.
Tendo em conta que a carreira política de muitos dos protagonistas da nossa “Praça” se inicia em autarquias, facilmente se percebe que, em alguns casos, já vão para outros cargos com a “escola” toda. Portanto, a solução mais prudente e eficaz é seguir o velho ditado, “cortar o mal pela raiz”.
O único caminho eficaz para combater a corrupção e o compadrio político é iniciar um combate, sem tréguas, à corrupção, favorecimentos e todo o tipo de ilícitos, nas autarquias.
Não resolve, por si só, o problema, mas reduz significativamente, contribuí para uma quebra nos maus vícios adquiridos no início de muitos percursos políticos e reduz o carreirismo partidário que ainda é opção para muitos jovens que não sabem fazer mais nada na vida.
Dito isto, impõe-se uma maior eficácia no funcionamento da Justiça. Não é admissível, haver vários processos contra uma autarquia que depois de investigados pela Polícia Judiciária, parece ficarem perdidos numa qualquer gaveta ou secretária e isso tem o efeito completamente contrário ao que é desejável, porque leva a criar-se um aparente clima de impunidade.
Depois vemos Camaras Municipais a transformarem-se em autênticos centros de emprego de militantes partidários e inúteis “jotinhas” que ainda têm a distinta lata de fazer trabalho para o partido dentro das Camaras, usando os seus recursos e no horário de trabalho. Isto acontece à vista de todos, mas ninguém faz nada.
O Ministério Publico tem recebido várias denuncias com factos concretos, mas os processos não andam, nestes casos, deveriam ser averiguadas as razões para tamanha inercia, e se é propositada ou não.
As pessoas sentem-se revoltadas e completamente desacreditadas da Justiça e da política. Falo por mim, que sou autarca e perante alguns casos que tenho conhecimento e foram denunciados, não vi acontecer absolutamente nada!
É por estas e por outras que cada vez é mais difícil encontrar-se gente séria e competente disponível para integrar projetos políticos, sendo que as exceções ainda vão alinhando por alguma carolice e amor à sua Terra, mas como disse, são as exceções, que se nada, entretanto for feito, vão acabar também por desistir de servir a sua Terra sem procurar nada em troca para não serem confundidos com os que apenas se querem servir da sua Terra para tirar dividendos pessoais.
Em função de tudo o que referi atrás, é chegada a hora de fazer a Justiça funcionar em todo o País e encetar um verdadeiro combate à corrupção nas autarquias.
Fernando Camelo de Almeida (Ovar)