“Em Ovar, as pessoas gostam do que é seu” – Pedro Rodil
Foi protagonista de ‘Morangos com Açúcar’, entre 2008 e 2009, será a estrela da novela da CMTV e está em Ovar a filmar a curta-metragem “Carnaval Sujo”, sob direcção de José Miguel Moreira.
Como surgiu a oportunidade de integrar este projecto?
Eu já conheço o Vasco Josué e o José Miguel Moreira há algum tempo e temos outros projectos em comum e mais ambiciosos na área da cultura, que me fascinam. Esta é a repercussão de uma ligação profissional e pessoal. O Zé achou que eu seria uma mais valia neste projecto e pela admiração que tenho por ele, aceitei automaticamente.
É a vertente cultural que o fascina?
É uma representação cultural de uma região que favorece e reforça a identidade do que é português.
Conhecia esta zona da Ria?
Conhecia a região costeira, porque gosto dos cantinhos de Portugal e a nossa profissão dá-nos essa possibilidade. Ovar e a Ria não conhecia. Conhecia o que todos conhecem, o Carnaval. O que me fascinou foi as gentes de Ovar e a sua hospitalidade. Não que seja um meio pequeno, mas por ser a região que é e por as pessoas terem orgulho na sua terra. E isto é um sentimento muito bonito que se tem vindo a perder com a globalização e com a ideia de sermos todos iguais no mundo inteiro. Penso que é a diversidade que nos torna bonitos e Portugal é feito disto. Em Ovar, sentimos isso. Sentimos que as pessoas gostam do que é seu, querem valorizar e recuperar as coisas, querem regressar ao passado tornando-o contemporâneo. Sem perder de vista o que têm de característico e único. E isso é muito bom.
Soube que foi ao mercado municipal e que foi reconhecido por lá…
Quanto posso, vou com um dia de antecedência para me ambientar, poder reunir, passear um bocadinho, respirar o ar, perceber a estética dos locais. Tenho o hábito de ir às igrejas e depois de saber onde o povo se reúne. E aqui ficam perto um do outro. Fui à Igreja Matriz e ao Mercado porque é onde sentimos o quotidiano, o sabor e os aromas. Fui muito bem acolhido. As pessoas também reconhecem em mim um modo simples de ser.
Nasceu ao pé do mar?
Eu cresci na agricultura, na pesca, no surf, ou seja, no meio das tradições e da sabedoria empirica, nas Azenhas do Mar, em Sintra. Sobretudo dos mais velhos. Então, aqui senti o carinho das pessoas. “O que é que está a aqui a fazer? O mesmo que você, mas de forma mais turistica”, respondi eu. Eu gosto do contacto directo com as pessoas.
O projecto está a corresponder às suas expectativas?
Estou a gostar muito, o projecto e o argumento são muito bons. O José Miguel tem uma coisa que eu gosto, que é levar as coisas ao pormenor, construir uma linha de pensamento com o pormenor da câmara. Uma coisa é o que eu acho que estou a fazer enquanto actor e outra é o que o realizador está a ver e outra ainda é o que a câmara está a ver. O que importa é esta última e quem tem a perspectiva disso é ele. No cinema, os actores têm que confiar em quem está com a Câmara e, neste caso, é o realizador. Este projecto é extremamente técnico, envolvendo muito trabalho.
Conhece o carnaval, mas já tinha ouvido falar do Carnaval Sujo?
Tomei conhecimento agora quando o projecto foi apresentado. Embora não seja adepto do Carnaval, porque nunca fui habituado, sei que em Ovar é muito grande. Tomei conhecimento desta parte mística e enraízada do Carnaval Sujo e é um processo curioso e fascinante.
(Fotos: RiC)