Esmoriz: Trinta famílias com casa nova no “sapatinho”
Com um investimento global de 2 Milhões de euros (obra, infraestruturas, terreno, fiscalização e projecto), assumido na íntegra pelo Orçamento Municipal, a Câmara Municipal de Ovar entregou, em Esmoriz, as chaves dos 30 fogos – 18 T2 e 12 T3, para realojar outras tantas famílias, o que corresponde a cerca de 100 pessoas que vivem à mercê da intempérie no Bairro Piscatório.
A família de Emídio Ferreira da Silva, de 73 anos, foi uma das bafejadas com casa no novo conjunto habitacional. “Já não podia viver mais ali [nr: Bairro Piscatório]”. “Eu sou doente, estou desempregado há 15 anos e não tinha possibilidade de mudar-me para pagar uma renda por aí”.
O agregado familiar do antigo pescador esmorizense é constituído por cinco pessoas. Ele sabe do que fala quando diz que o “mar está cada vez mais perigoso”. Lembra-se logo dos invernos em que teve de fugir com a roupa que tinha no corpo. “Nem podíamos criar animais para comer: O ano passado a água veio e matou-um um porco e as galinhas que eu tinha”.
No bairro piscatório vivem famílias em casas com telhados feitos de chapa ondulada. As paredes ainda pertencem aos famosos contentores da Toyota que deram à costa de Gaia, em 1988, quando um navio japonês ali encalhou com 5.400 automóveis.
Para o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, a obra mais importante do mandato “não é fazer caridade”. “Aqui respeitou-se a dignidade das pessoas, fez-se social-democracia no terreno”.
A envolvente ao novo Bairro da Boa Esperança vai ainda ter um arranjo urbanístico para tornar ainda mais agradável viver aqui.
Jacinta Valente, técnica do Centro Comunitário de Esmoriz, lembrou que o momento ontem vivido fecha um ciclo de um trabalho desenvolvido com quase vinte anos, desde os tempos do Projecto de Luta Contra a Pobreza. “Aquela obra que poucos vêem, que muitos criticam, mas um trabalho que sempre nos fez acreditar”, concluiu.
O presidente da Junta de Freguesia, António Bebiano, lembrou que este é o “maior investimento público em Esmoriz, desde 1940”. Naquele tempo, uma grande tempestade deixou toda a comunidade piscatória em dificuldades, o que obrigou a uma intervenção estatal.
Foto: Ricardo Carvalhal