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Cantar dos Reis continua a querer ser Património Imaterial

A ficha do Cantar dos Reis em Ovar ficou disponível na MatrizPCI, há um ano, precisamente no Dia de Reis, mas ainda aguarda pela aprovação da candidatura a Património Imaterial .

A candidatura teve supervisão de Jorge Castro Ribeiro, professor do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro que desenvolveu todo o trabalho de documentação, levantamento documental histórico, análise de gravações, partituras, e letras e estudo crítico da actividade das troupes que sustentam a tradição, com vista à instrução formal da Inscrição na Matriz do Património Cultural Imaterial.

No âmbito deste projecto, a equipa do INET-md (UA) desenvolveu todos trabalhos de documentação, levantamento documental histórico, análise de gravações, partituras, e letras e estudo crítico da actividade das troupes que sustentam a tradição, com vista à instrução formal da Inscrição na Matriz do Património Cultural Imaterial.

No documento enviado, o investigador da UA recorda que, “embora partilhe características com outras práticas em Portugal e noutros países que ocorrem no mesmo contexto temporal – designadas genericamente por “Cantar dos Reis” ou “Cantar as Janeiras” – em Ovar, esta prática sofreu ao longo do tempo um processo de codificação artística, social e performativa que a diferenciou”. “Apresenta um recorte cultural próprio, único a nível nacional e internacional, com composições musicais e poéticas originais, sofisticadas, cuja performance exige solistas, um coro a várias vozes e acompanhamento instrumental”.

Na breve resenha histórica, diz-se que o Cantar dos Reis em Ovar é realizado ininterruptamente pelo menos desde 1882, envolvendo centenas de pessoas que participam das Trupes Reiseiras, os agentes centrais que levam a cabo a prática em dezenas de locais do concelho entre os dias 2 e 6 de Janeiro de cada ano.

Através do Cantar dos Reis e dos encontros que proporciona, sustenta Jorge Castro Ribeiro, “é gerado e alimentado um sentimento de pertença entre os membros da comunidade local (auto-designada por comunidade “Vareira”), não só na área da cidade de Ovar como nas freguesias que constituem o concelho. As músicas e as letras são compostas por vareiros e as mensagens cantadas dirigem-se à população tratando de temas sociais locais, entre outros. A celebração anual da tradição envolve a participação das colectividades, reaviva as relações entre os membros e reafirma a sua pertença à comunidade”.

Considerando a importância desta tradição, em 2014, a Câmara Municipal lançou a ideia de candidatar o Cantar dos Reis em Ovar ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, tendo colhido o apoio unânime das troupes e encontrando no Instituto de Etnomusicologia (INET-md), da Universidade de Aveiro, o parceiro institucional para a realização da investigação científica que deve suportar a candidatura.

O presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, comenta que “estava na hora de prestar a devida homenagem a uma tradição muito enraizada na comunidade vareira e que tem passado de geração em geração”.

Independentemente do resultado que a candidatura venha a obter, a homenagem está feita.

ONDE VER E OUVIR AS TROUPES
Este ano, as cerca de duas dezenas de troupes deslocam-se ao Centro de Arte (no dia 6 os adultos e, no dia seguinte, as troupes infantis) cujos bilhetes para assistir à Noite de Reis devem ser requisitados previamente, num máximo de quatro por pessoa.

 

 

 

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