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“Este é o melhor museu do país” – Manuel Cleto

“Este é o melhor museu do país”. Manuel Cleto, presidente da direcção do museu vareiro, conta que as pessoas que o ouvem dizer que o museu de Ovar é o melhor do país pensam “sou arrogante”. “Mas eu até já disse isto numa reunião da rede museológica”. Ele explica: “Se pusermos no prato de uma balança o nosso património, quer artístico quer edificado, e no outro prato, colocarmos o custo mensal do museu, este é o melhor do país, não tenha dúvidas”.

Todos os dias, a trabalhar no museu estão apenas três pessoas: o director e duas funcionárias. “Andamos aqui por pura carolice”. Os apoios são poucos, mas por vezes lá acontece o inesperado como a recente doação que nos possibilita fazer obras, ou de um benemérito ou de uma empresa (a Alcobre colaborou na Sala dos Fundadores) e depois há os habituais da Câmara Municipal ou da União de Freguesias.

“Esta direcção não tem uma dinâmica especial, tem sido tudo uma questão de sorte e ‘timing’”, analisa Manuel Cleto. A verdade é que a animação em torno do Museu de Ovar chegou no momento certo, pois está a festejar 55 anos de vida. Na sessão de aniversário que decorreu em Janeiro, o museu recebeu a visita do Mestre Querubim Lapa. “Normalmente, nos aniversários trazemos um grande artista daqueles que tenham cá muitas obras”, explica. Este ano, coube a Querubim Lapa. E a visita dele veio provar o que Cleto vem dizendo: “este museu tem mais prestígio fora do que propriamente em Ovar”.

Dirigente e artista nunca tinham falado. “Liguei-lhe dois dias antes da sessão e ele foi de uma simpatia e simplicidade estupendas”, recordando Manuel Cleto que lhe endereçou o convite. “Nunca pensei que ele viesse, pois tem 91 nos e há cerca de dez anos já o tínhamos convidado ele disse que não podia vir, pois tinha 81”. Pois com 91 anos, “apareceu-nos no dia do aniversário do Museu. Quando entrou, a sala repleta calou-se. “Querubim Lapa olhou para as paredes onde estavam obras suas expostas e disse-me: Eu sabia que vocês tinham peças minhas, mas de tão grande qualidade e tão bem preservadas nunca pensei”. Percorreu as peças, apalpando-as, ele que vê bem.

A titulo pessoal, o artista confessaria que “ficou encantado por ter reencontrrado peças que não via há mais de 50 anos”. Nessa sequência, Querubim Lapa ligou para alguém e diz: “Eu quero a minha exposição do Museu de Ovar no Museu do Azulejo em Lisboa”. Manuel Cleto disse logo que sim, “para nós uma honra”. O valor das obras expostas de Querubim Lapa, no dia da sessão de aniversário, ascendeu a 200 mil euros.
Outro caso paradigmático é o do artista plástico José Mouga que voltou a Ovar no ano passado, mais de meio século depois de ter ali exposto. “Ele abriu o museu, praticamente”, explica Manuel Cleto a quem o artista admitiu ter “um carinho muito especial pelo Museu de Ovar, pois foi aqui que começou, há 51 anos. Ele e dois colegas meteram-se num comboio até Ovar e vieram pedir para expor ao que o director da altura disse logo que sim”.

(Foto: Paulo Ramos/Diário de Aveiro)

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