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Exemplo de amor à camisola, Correia Dias faria 102 anos

Na história do Futebol Clube do Porto (FCP) há um jogador nascido em Ovar que ficou na história do clube azul e branco pelos golos que marcou, mas não só. Falamos de Manuel Belo Correia Dias, nascido no dia 24 de Março de 1919, e faria, esta quarta-feira, 102 anos.

Em Ovar, a família possuía um próspero negócio de cereais na rua Cândido dos Reis. As crianças da altura, atraídos pela fama do jogador, iam para a porta do estabelecimento, cantar em coro:
“Oh Correia Dias
Comes papas frias”.
E ele, que era a bondade em pessoa, ameaçava metê-los num saco, enquanto corriam estrada fora.

Avançado forte fisicamente, alto e bastante corpulento, Correia Dias ainda hoje é recordado como um exemplo de amor à camisola.

Quando esteve para abandonar a competição no final da temporada de 1946/47, treinador argentino Eládio Vascheto, acabado de chegar ao FCP, conseguiu demovê-lo dessa ideia e Correia Dias continuou a vestir a camisola azul e branca, mas deixou bem claro que permaneceria no clube desde que não recebesse salário.

Ele que nunca tinha sido remunerado e sempre tinha jogado por amor à camisola, teve de aceitar a nova condição e quase que foi obrigado a receber salário. Aceitou mas justificou-se numa entrevista que deu em 1948 à revista “Stadium”: “Eu acho o profissionalismo perfeitamente aceitável. É mesmo honroso ser profissional. Se eu precisasse do futebol acredito que receberia desde há muito. Mas, como isso não se tem dado, nunca pensei nas remunerações do clube. Agora posto o problema da disciplina e das obrigações, considerada necessária a minha inclusão na equipa do clube, nestas condições, acedi e ganho. Pronto.”

Quando aceitou continuar a sua carreira nunca pensou que viria a fazer parte de um dos maiores feitos da história do futebol português. A vitória do FCP contra o Arsenal FC, no dia 7 de Janeiro de 1948, por 3-2, com dois golos de sua autoria e um de Araújo.

Correia Dias fez toda a formação nas camadas jovens do FCP, estreando-se na equipa principal dos Dragões, na temporada de 1939/40, numa partida contra o Leça F.C., no dia 22 de Outubro de 1939, no Campo da Constituição, em jogo a contar para a 3ª jornada do Campeonato do Porto da temporada de 1939/40. Os Dragões venceram por 3-1 e Correia Dias estreou-se a marcar o terceiro golo dos portistas.

Esteve ao serviço do FC Porto durante 8 temporadas tendo conquistado o Campeonato do Porto por 5 ocasiões (1942/43, 1943/44, 1944/45, 1945/46 e 1946/47). Foi o melhor marcador do Campeonato Nacional da época de 1941/42 ao apontar 37 golos em 22 partidas, perfazendo uma média de 1,69 golos por jogo.

Os seus 113 quilos não impediram que apontasse um golo por cada quilo que tinha, ou seja, apontou 113 golos ao longo de oito épocas de dragão ao peito, num total de 122 jogos.

 

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