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Sem-abrigo dorme há meses junto da Segurança Social de Ovar

Um indivíduo de 51 anos tem vindo a dormir ao relento num recanto situado na Avenida Dr. Nunes da Silva, junto ao limite do terreno onde se encontra instalada a Segurança Social de Ovar.

O OvarNews esteve ontem e esta manhã no local, mas não encontrou o homem que se encontra em situação de sem-abrigo. Mas os indícios falam por si: uma manta, cartão a fazer de cama e uma caixa com pequenos pertences.

Em contacto com os moradores não foi difícil perceber que a situação preocupa e envergonha quem ali reside, conhece o caso, a pessoa e questiona como foi possível chegar a este ponto, já que nos foi assegurado que a situação se arrasta há vários meses.

Helena Santos é amiga de longa data do homem e mostra-se muito triste com aquela sorte de vida. Sobre ele só tem coisas boas para contar: “Nunca fez mal a ninguém e muito menos merece estar nesta situação”. Em tempos, recorda,  “quando o meu pai era vivo, ele esteve muito prximo da minha família, era presença na nossa casa, nunca se portou mal e nunca faltou nada lá dentro”.

Helena Santos conta que o “rapaz” a continua a procurar em busca de comida e roupa para se aquecer durante a noite. “Ele diz que foi a mãe que o pôs fora de casa por se recusar a assinar a venda da casa da família”, continua ela, desalentada por o ver assim. “A Assistente Social queria levá-lo para uma casa de abrigo em Coimbra mas ele não quis porque tem aqui os amigos e biscates “, revela,  apelando ao mesmo tempo para que alguém faça alguma coisa porque o inverno não augura nada de bom se ali continuar.

O OvarNews conseguiu contactar fonte da família que não fugiu ao assunto. A mãe “foi obrigada a expulsá-lo de casa, em Abril último, depois de uma alegada cena de violência doméstica que chegou a Tribunal no mês passado”. Em resultado disso, o juiz decretou uma medida de coacção impedindo-o de se aproximar da vítima, medida que terminou no passado dia 26 de setembro. “A mãe não vai dar-lhe a chave de casa porque tem medo”, anuncia, resoluta, a nossa fonte.

De acordo com ela, “há 30 anos que a idosa sofre com a situação que agora se agravou muito devido à toxicodependência extrema dele”, sublinha a fonte, garantindo que a mãe agora decidiu em definitivo: “Só entra em casa se fizer um tratamento”. “Uma mulher de 86 anos, frágil e doente, não é obrigada a viver com quem lhe inspira medo e insegurança”, reforçando que “não é possível viver na mesma casa com uma pessoa no estado em que ele se encontra neste momento. Há dias em que ele alucina”.

Sobre a situação do imóvel, confirma que a progenitora queria desfazer-se da casa na expectativa de dar o dinheiro ao filho para ele sossegar. Revela que em abril surgiu um interessado, mas “ele não quis assinar o contrato”, confirmou. Entretanto, a mãe teve de ser hospitalizada e “desistiu da venda porque é imprescindível que os três filhos autorizem e assinem para o negócio se concretizar”. Ficou tudo sem efeito.

O drama do homem chegou ao conhecimento dos amigos que se reuniram com ele para o tentarem convencer a seguir para um tratamento de desintoxicação. “Tudo fizeram mas ele voltou a recusar”. “Não se pode obrigar alguém que não se quer endireitar”

Muitos episódios complicados ficaram no caderno de apontamentos. A nossa fonte, muito próxima da família, conclui, com tristeza: “Acreditem que não é fácil meter um filho fora de casa. Nem um irmão. Mas quando se chega a este extremo é porque já se tentou o possível e impossível sem resultado”.

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