“Falta de respeito por quem está a dar o corpo às balas” – Salvador Malheiro
O presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, acusou o Governo, esta quarta-feira, de incongruências na implementação do estado de calamidade no município.
Em declarações à TSF, Salvador Malheiro disse que o texto publicado em Diário da República, assinado pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, não corresponde “ao despacho que surgiu ao final da tarde”.
O autarca explicou que, “nessa publicação, cai a interdição de as empresas poderem continuar a trabalhar”, o que resulta num “documento incongruente” que permite que as indústrias possam “laborar”, mas que os camiões de mercadorias e os funcionários vindos de outros municípios não possam entrar nas fábricas.
Segundo o autarca, o município pretende “implementar esse plano”, lembrando que não basta “accionar um mero botão” para que tudo se resolva.
Para Salvador Malheiro, a “incongruência” do texto publicado em Diário da República é uma “falta de respeito por quem está a dar o corpo às balas”.
O presidente da Câmara de Ovar disse ainda que tem havido um “um reforço por parte da segurança pública”, que “a cerca sanitária está implementada” e que a circulação está a ser reduzida.
Uma das pessoas que não se conformam com a situação é Fernando Camelo de Almeida, eleito local do CDS/PP, denunciando que o município de Ovar “está de quarentena, fruto de uma situação preocupante para a saúde e vida de todos” e que o despacho, ontem assinado pelo primeiro-ministro, “referia que deveriam ser encerradas as empresas industriais com algumas exceções”.
“O Despacho publicado no Diário da República oculta o encerramento de indústrias. Esta situação permite diferentes interpretações e, baseados nisso, há oportunistas inconscientes que furam a quarentena decretada, colocando-nos a todos em risco”, explica.
Na terça-feira, foi declarado estado de calamidade pública em Ovar, onde o número de casos confirmados de infecção por coronavírus duplicou nas últimas 24 horas, havendo mais de 30 casos.